Perante uma multidão eufórica, e depois do anúncio oficial, a candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, e o seu candidato a vice-presidente, Tim Walz, apareceram juntos, pela primeira vez, num comício em Filadélfia, Pensilvânia, nos Estados Unidos.
No início do seu discurso, Kamala Harris admitiu que as últimas semanas têm sido "uma montanha-russa" e apresentou-se, oficialmente, como a candidata democrata às presidenciais de novembro.
"Agora, temos trabalho para fazer. Temos de chegar às eleições gerais e ganhá-las", disse, ao lado do seu companheiro de candidatura.
Depois, deixou um ataque ao candidato republicano à Casa Branca e seu adversário, Donald Trump: "Já lidei com criminosos de toda a espécie, predadores que abusaram de mulheres, burlões que enganaram os consumidores, aldrabões que quebraram as regras em sue próprio favor. Portanto, ouçam-me quando eu digo que conheço o tipo de Donald Trump", atirou Kamala Harris.
"Esta campanha não é apenas para combater Donald Trump, esta campanha é uma luta pelo futuro", acrescentou, referindo que juntos irão lutar por um futuro em que se irão baixar "os preços que ainda são demasiado elevados".
Ao expor a sua visão para o futuro dos Estados Unidos, defendendo uma luta pelas liberdades fundamentais, Harris apresentou, oficialmente, o seu companheiro de candidatura, Tim Walz. "Desde o dia em que anunciei a minha candidatura que me preparei para encontrar um parceiro que me ajudasse a construir este futuro mais brilhante, um líder que ajudasse a unir a nossa nação e a fazer-nos avançar, um lutador pela classe média e um patriota", disse.
"Estou aqui hoje porque encontrei esse líder: governador Tim Walz do grande estado do Minnesota", anunciou, elogiando também o seu papel familiar e o seu percurso profissional, nomeadamente como professor, e expressando a crença de que Walz será "vice-presidente dos Estados Unidos".
Referindo que Tim Walz é um "produto orgulhoso de uma família da classe média do Nebraska rural", Harris referiu que o governador foi o "tipo de professor e mentor que todas as crianças americanas sonham ter e que todas as crianças merecem".
"É o tipo de pessoa que faz com que as pessoas sintam que pertencem ao grupo e que as inspira a sonhar em grande", elogiou. "É este o tipo de vice-presidente que os Estados Unidos merecem", reforçou.
A candidata democrata aproveitou e deixou uma mensagem para Trump e para todos os que querem "fazer o relógio voltar atrás nas nossas liberdades fundamentais". "Nós não vamos voltar para trás", disse, efusivamente, ao mesmo tempo que a plateia repetiu.
"Em que tipo de país é que queremos viver? Um país, um país de liberdade, compaixão e Estado de direito ou um país de caos, medo e ódio?", questionou. "Estamos a fazer uma campanha para todos os americanos. E quando formos eleitos, governaremos em nome de todos os americanos", completou.
Seguiu-se depois o discurso de Walz e, perante fortes aplausos, agradeceu à multidão e a Kamala Harris.
"Obrigado, senhora vice-presidente, por ter depositado a sua confiança em mim. Mas talvez mais ainda, obrigado por me trazerem de volta a alegria", disse, acrescentando que está entusiasmado por fazer parte desta "viagem incrível".
O governador destacou que "não poderia estar mais orgulhoso" de ser o companheiro de equipa de Harris, que "lutou sempre ao lado do povo americano" e que será "a próxima presidente dos Estados Unidos da América".
"Enfrentou predadores e burlões, desmantelou gangues transnacionais, fez frente a poderosos interesses empresariais, nunca hesitou em ultrapassar as fronteiras se isso significasse melhorar a vida das pessoas", afirmou Walz. "Ela fez tudo isto com um sentido de alegria", frisou.
De realçar que a escolha de Tim Walz para candidato a vice-presidente foi recebida com entusiasmo pelos democratas de várias alas do partido, enquanto os republicanos procuraram rotular o governador como político de esquerda radical.
Embora não seja muito reconhecido fora das fronteiras do seu estado do Minnesota, este homem de 60 anos distinguiu-se nas últimas semanas pelas suas repetidas farpas contra Donald Trump e contra a sua equipa, que descreve como um grupo de "tipos estranhos".
A digressão de Harris e Walz que hoje arranca em Filadélfia (Pensilvânia) continuará em Eau Claire (Wisconsin), Detroit (Michigan), Durham (Carolina do Norte), Savannah (Geórgia), Phoenix (Arizona) e Las Vegas (Nevada). A Pensilvânia é um dos estados que permitiu ao atual chefe de Estado, Joe Biden, chegar à Casa Branca em 2020, e que voltará a ser decisivo este ano.
Nascido no estado do Nebraska, Walz passou muitos anos no mundo do ensino, principalmente como professor de geografia e treinador de futebol americano, que ensinou durante alguns meses na China, logo após os acontecimentos de Tiananmen na primavera de 1989.
Embora pouco conhecido fora das fronteiras do seu estado, foi considerado capaz de ajudar a conquistar o voto dos eleitores indecisos.
Kamala Harris, de 59 anos, teve apenas duas semanas para escolher o seu companheiro de corrida, após a retirada da candidatura de Joe Biden, originada por preocupações em torno do seu estado de forma aos 81 anos.
Seguiu-se um processo de seleção acelerado em comparação com os longos meses normalmente necessários a escolha dos candidatos do Partido Democrata à Casa Branca.
A lista de possíveis candidatos a 'vice' incluía Josh Shapiro, governador da Pensilvânia, e Mark Kelly, um ex-astronauta que se tornou senador pelo Arizona.
Desde a sua entrada na corrida, Kamala Harris compensou a lacuna deixada por Joe Biden sobre Donald Trump, ex-presidente e de novo candidato dos republicanos, nas intenções de voto e viu disparar os valores angariados para a sua campanha.
Em meados de agosto, a candidatura de Harris será formalizada na convenção democrata planeada para Chicago.
O ex-presidente tem atacado Harris, em particular, na questão migratória e também a acusou recentemente de se ter "tornado negra" por cálculo político.
[Notícia atualizada às 23h59]
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