O autarca, muçulmano, alertou os grupos de extrema-direita que estão a instigar os motins que "todo o peso da lei" será aplicado contra eles.
Khan fez o alerta através da rede social X depois de estes grupos convocarem protestos através das redes sociais para esta noite em frente a 30 centros de imigração no Reino Unido.
"A desordem, o racismo e a violência que temos visto nas vilas e cidades de todo o país durante a última semana foram verdadeiramente chocantes", escreveu o presidente da Câmara de Londres.
"Estou ciente de relatos de que grupos de extrema-direita estão a planear atacar locais em Londres e quero ser muito claro para qualquer um que esteja a pensar em espalhar o ódio e o medo na nossa cidade: se infringirem a lei, serão tomadas medidas sérias", acrescentou.
O político trabalhista insistiu que os atos de violência e desordem nas ruas de Londres "não serão tolerados" e que quem cometer um crime "será preso e enfrentará toda a força da lei".
O autarca muçulmano quis tranquilizar a população, especialmente as minorias étnicas, ao indicar que está em contacto permanente com a Polícia Metropolitana de Londres (Met) e que trabalha em estreita colaboração com os líderes comunitários para proteger edifícios e locais de culto, como mesquitas, e trazer tranquilidade às pessoas.
"Sei que as cenas chocantes deixaram muitas comunidades muçulmanas e de minorias étnicas assustadas e com medo. Por isso, peço aos meus colegas londrinos que cuidem dos seus amigos e vizinhos e lhes mostrem que solidariedade e compaixão são a essência dos londrinos", pediu.
"Em Londres, temos tolerância zero com o racismo, islamofobia, antissemitismo ou qualquer forma de ódio e orgulhamo-nos de sermos abertos, diversificados e acolhedores a todas as religiões e origens. Está profundamente enraizado na estrutura da nossa grande cidade e é por isso que aqueles que procuram dividir as nossas comunidades nunca vencerão", argumentou Khan.
A polícia britânica está já a preparar-se para mais uma noite de violência no meio de preocupações de que grupos de extrema-direita planeiam realizar hoje 30 protestos em todo o Reino Unido.
As autoridades estão a mobilizar cerca de 6.000 agentes especialmente treinados para responder à desordem em todo o Reino Unido, e o Met afirmou que faria "tudo o que estiver ao seu alcance" para proteger a capital.
"Sabemos dos eventos planeados por grupos odiosos e divisores em toda a capital", disse o vice-comissário Andy Valentine, do Met, na noite de terça-feira. "Eles deixaram muito clara a sua intenção de causar perturbação e divisão... Não toleraremos isso nas nossas ruas".
Terça-feira à noite, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, alertou que as forças de segurança tomarão "todas as medidas necessárias" para controlar uma nova onda de agitação, depois de os tumultos destes grupos terem começado em 30 de julho na cidade de Southport, no noroeste de Inglaterra.
Ainda na noite de terça-feira, o primeiro-ministro britânico realizou uma segunda reunião do comité de emergência Cobra, em que participaram ministros, chefes de polícia e serviços de segurança, para analisar os tumultos e tomar medidas se estes continuarem nos próximos dias, e prometeu fazer tudo o que for necessário para acabar com a violência.
Os protestos começaram após o assassínio, com uma faca, de três meninas, uma delas portuguesa, num centro recreativo de verão em Southport, noroeste de Inglaterra, onde outros oito menores e dois adultos ficaram feridos.
O acusado do ataque, Axel Rudakubana, 17 anos, nasceu no País de Gales, filho de pais ruandeses, mas grupos de extrema-direita reagiram depois de circularem informações erradas nas redes sociais de que o jovem era um requerente de asilo.
Entretanto, começou hoje a investigação pública sobre as mortes das três meninas de Southport -- Bebe King, 6 anos, Elsie Dot Stancombe, 7, e a portuguesa Alice da Silva Aguiar, 9.
Como parte do processo formal realizado no Reino Unido quando a morte de uma pessoa é violenta, a legista Julie Goulding realizou uma breve audiência para anunciar que o inquérito público estava a ser aberto e adiado para o próximo ano.
Goulding disse que era "impossível articular adequadamente os efeitos devastadores e duradouros" dos "eventos verdadeiramente trágicos" da semana passada.
A abertura desta investigação envolve um "processo curto, sombrio e formal", acrescentou.
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