Antes de Muhammad Yunus, que chegou hoje ao Bangladesh para chefiar um governo provisório, vários dissidentes galardoados com o Prémio Nobel da Paz lideraram os seus países nos últimos 35 anos, entre eles José Ramos Horta, em Timor-Leste.
Confira na lista abaixo quem são e recorde os seus rostos na galeria acima
Timor-Leste: José Ramos-Horta, da independência à Presidência
Antes de se tornar Presidente de Timor-Leste, em 2007, José Ramos-Horta foi o incansável porta-voz internacional da resistência ao regime indonésio, que ocupou a antiga colónia portuguesa entre o final de 1975 e 1999.
Foi co-vencedor do Prémio Nobel da Paz em 1996, juntamente com o bispo católico Carlos Filipe Ximenes Belo, "pelo seu trabalho em prol de uma resolução justa e pacífica" de um conflito que causou um total de cerca de 200.000 mortos.
Ramos-Horta, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 2008, é novamente Presidente desde maio de 2022.
Birmânia: Aung San Suu Kyi, a ascensão antes da queda
Aung San Suu Kyi, galardoada com o Prémio Nobel da Paz em 1991 pela sua resistência pró-democracia contra a junta militar, a "Dama de Rangum" foi durante muito tempo santificada.
Tornou-se a mulher forte da Birmânia entre 2016 e 2021, mas foi duramente criticada pela sua inação em relação à minoria muçulmana Rohingya, que vários líderes afirmam ser vítima de "limpeza étnica".
Expulsa do poder em 2021 e presa desde o golpe militar que derrubou o seu governo eleito, Suu Kyi está a cumprir uma pena de 27 anos de prisão imposta por um tribunal militar por várias acusações.
Coreia do Sul: Kim Dae-Jung, a mão estendida à Coreia do Norte
Antigo dissidente condenado à morte, escapou a uma tentativa de assassínio antes de se tornar chefe de Estado sul-coreano em 1998 e ganhar o Prémio Nobel em 2000 pela mão estendida à Coreia do Norte.
A sua chamada "política do sol" levou à reunião de famílias e a uma maior cooperação económica entre as duas Coreias, separadas após a Guerra da Coreia (1950-1953).
Kim Dae-Jung foi o primeiro chefe de Estado do Sul a visitar Pyongyang, onde, a 15 de junho de 2000, assinou uma declaração conjunta com o seu homólogo norte-coreano, Kim Jong Il, marcando o aquecimento das relações.
África do Sul: Nelson Mandela, herói da luta contra o apartheid
Líder na luta contra o regime segregacionista da África do Sul, Nelson Mandela passou 27 anos da sua vida na prisão e a sua libertação em 1990 acelerou a queda do 'apartheid'. Juntamente com o último presidente do sistema de segregação racial sul-africano, Frederik de Klerk, Mandela partilhou o Prémio Nobel da Paz em 1993.
No ano seguinte, tornou-se o primeiro Presidente negro democraticamente eleito na África do Sul.
Triunfante no primeiro escrutínio multirracial, a 27 de abril de 1994, Mandela declarou no seu discurso de tomada de posse a sua determinação em construir uma "Nação Arco-Íris em paz consigo própria e com o mundo". Presidente durante cinco anos, morreu em 2013, com 95 anos.
Polónia: Lech Walesa, o fim do comunismo no país
Antigo dirigente do sindicato Solidariedade, Lech Walesa, galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 1983, foi o primeiro Presidente da Polónia pós-comunista.
Em dezembro de 1990, ganhou as primeiras eleições presidenciais democráticas e assegurou a saída das tropas soviéticas estacionadas no país desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Perdeu as eleições de 1995 e 2000.
Celebrado como um ícone da liberdade, o filho de um camponês, antigo eletricista nos estaleiros de Gdansk, viu a sua imagem manchada por alegações persistentes de que colaborou com a polícia secreta da era comunista, o que sempre negou vigorosamente.
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