Na sexta-feira, o monarca britânico realizou audiências telefónicas com o primeiro-ministro, Keir Starmer, e as autoridades policiais, durante as quais ofereceu os seus "sinceros agradecimentos" à polícia e a outros trabalhadores de emergência pelos seus esforços para restaurar a ordem e ajudar as pessoas afetadas pela violência, disse o Palácio de Buckingham num comunicado.
"O Rei partilhou como tinha sido muito encorajado pelos muitos exemplos de espírito comunitário que tinham combatido a agressão e a criminalidade de alguns com a compaixão e resiliência de muitos", disse o palácio.
"Continua a ser a esperança de sua majestade que os valores partilhados de respeito e compreensão mútuos continuem a fortalecer e unir a nação", acrescentou a mesma nota de Buckingham.
A polícia britânica continua em alerta para a possibilidade de novos atos de violência, depois de o país ter sido assolado por tumultos durante mais de uma semana, quando multidões que gritavam 'slogans' anti-imigração e islamofóbicos atacaram mesquitas, saquearam lojas e entraram em confronto com a polícia.
O governo descreveu os atos como "violência de extrema-direita" e mobilizou 6.000 polícias especialmente treinados para reprimir os distúrbios.
A agitação foi alimentada por ativistas de extrema-direita que utilizaram as redes sociais para espalhar desinformação sobre o ataque à faca de 29 de julho, em que três raparigas, incluindo uma portuguesa, com idades compreendidas entre os 6 e os 9 anos foram mortas durante um evento de dança na comunidade costeira de Southport.
A polícia deteve um suspeito de 17 anos. Nas redes sociais, circularam rapidamente rumores, mais tarde desmentidos, de que o suspeito seria um requerente de asilo ou um imigrante muçulmano.
Apesar de, à data do ataque, o suspeito ser menor de idade, a justiça autorizou a divulgação da sua identidade para esclarecer que o jovem é natural do País de Gales e filho de pais ruandeses.
A agitação dissipou-se em grande parte desde quarta-feira à noite, quando uma onda de manifestações de extrema-direita que estava anunciada não se concretizou, depois de milhares de manifestantes pacíficos terem acorrido a locais em todo o Reino Unido para mostrar o seu apoio aos imigrantes e aos requerentes de asilo.
A polícia tinha-se preparado para confrontos em mais de 100 locais, depois de grupos de direita terem feito circular nas redes sociais listas de potenciais alvos. Embora os grupos antirracismo tenham planeado contraprotestos em resposta, na maior parte dos locais os manifestantes saíram à rua sem nada a que se opor.
Starmer insistiu que a polícia permanecerá em alerta máximo neste fim de semana, que marca o início da época de futebol profissional. As autoridades têm estado a estudar se existe uma ligação entre os desordeiros e os grupos de "hooligans do futebol", conhecidos por incitarem à confusão nos jogos de futebol.
"A minha mensagem para a polícia e para todos aqueles que estão encarregados de responder à desordem é que mantenham o alerta máximo", disse o primeiro-ministro na sexta-feira, enquanto visitava a sala de operações especiais do Serviço de Polícia Metropolitana de Londres.
O Conselho Nacional dos Chefes de Polícia informou que foram detidas cerca de 740 pessoas devido à violência, das quais 304 foram acusadas de infrações penais.
Os tribunais de todo o país já começaram a julgar os casos das pessoas acusadas de atos de violência, tendo algumas sido condenadas a penas de três anos de prisão.
Starmer afirmou estar convencido de que a "justiça rápida que foi feita nos tribunais" britânicos irá desencorajar os desordeiros de voltarem às ruas este fim de semana.
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