"Entrar num escritório da ONU sem autorização e apoderar-se de documentos e bens pela força é totalmente incompatível com a Convenção sobre os Privilégios e Imunidades das Nações Unidas. É também um grave ataque à capacidade da ONU de cumprir o seu mandato, incluindo a promoção e a proteção dos direitos humanos, que o meu gabinete defende", afirmou Turk num comunicado.
Turk sublinhou que as forças Huthis devem "abandonar as instalações e devolver imediatamente todos os bens e pertences", depois de os rebeldes xiitas iemenitas terem "forçado o pessoal" da ONU a "entregar os seus pertences", bem como "as chaves do escritório, que continua sob o seu controlo".
O representante, que condenou "veementemente" a incursão dos rebeldes, sublinhou o seu apelo à libertação "imediata e incondicional" de todo o pessoal da ONU detido no Iémen no início de junho, quando 13 funcionários da ONU - seis dos quais do seu gabinete - foram detidos juntamente com mais de 50 outros funcionários de organizações não-governamentais.
Foi precisamente devido a estas detenções que o gabinete do alto comissário decidiu suspender temporariamente as operações em Saná e noutras zonas controladas pelos Huthis, apesar de continuar a operar noutras zonas do Iémen.
"Lamento que todos os nossos apelos tenham sido ignorados", disse Turk sobre os pedidos de libertação.
"É com grande pesar que volto a apelar à sua libertação imediata e incondicional. Estamos a fazer todos os possíveis para os reunir com os seus entes queridos o mais rapidamente possível. Até lá, as autoridades de facto devem garantir que são tratados no pleno respeito pelos seus direitos humanos e que podem contactar as suas famílias e representantes legais", afirmou.
Recordou ainda que o escritório da ONU "em momento algum se envolveu em atividades que não fossem ao serviço do povo iemenita, em conformidade com o seu mandato" e insistiu que trabalha para "promover os direitos humanos de todos os iemenitas, sem distinção".
"É crucial que as autoridades de facto respeitem as Nações Unidas e a sua independência, libertem imediatamente todo o pessoal da ONU detido e criem as condições necessárias para que o meu gabinete e outras agências da ONU possam continuar o seu trabalho vital para o povo do Iémen sem entraves e sem ameaças", afirmou.
O Iémen tornou-se palco de uma guerra em finais de 2014 entre os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, e as forças do Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, que em março de 2015 seria apoiado por uma coligação militar internacional árabe, liderada pela Arábia Saudita.
A ONU considerou que esta guerra, que causou mais de 100 mil mortos, sobretudo civis, provocou uma das piores crises humanitárias do mundo.
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