As vítimas foram capturadas no princípio da noite de sábado numa ilha localizada a quase 10 milhas da sede distrital, quando pescavam e, durante três dias, foram obrigadas pelos rebeldes a seguir, nas suas próprias embarcações, primeiro, para Macomia e, depois, para Quissanga, onde foram libertadas na terça-feira sem uma explicação clara, disse à Lusa Benjamim Isaque, secretário permanente do distrito de Mocímboa da Praia.
"Volvidos três dias, os 56 pescadores que tinham levados foram dispensados. Não foram mal tratados pelos insurgentes, não perderam qualquer bem e agora já estão em convívio familiar", explicou secretário permanente do distrito de Mocímboa da Praia.
Benjamim Isaque avançou que a situação no distrito está controlada, destacando que forças governamentais prosseguem com as suas investigações.
"O nosso controlo é total, as forças conjuntas continuam a fazer o seu trabalho. A circulação de bens e pessoas continua. Isto aconteceu numa ilha, então não podemos aprofundar muito, neste momento, sobre a situação lá, mas, no geral, o controlo é total", frisou.
A vila costeira foi onde grupos armados protagonizaram o seu primeiro ataque em outubro de 2017, tendo sido, por muito tempo, descrita como a "base" dos rebeldes.
Após meses nas mãos de rebeldes, Mocímboa da Praia foi saqueada e quase todas as infraestruturas públicas e privadas foram destruídas, bem como os sistemas de energia, água, comunicações e hospitais, tendo sido um dos pontos prioritários para recuperação de infraestruturas após os primeiros sinais de estabilização da segurança.
No total, cerca de 62 mil pessoas, quase a totalidade da população, abandonaram a vila costeira devido ao conflito que começou há cinco anos e meio, com destaque para as fugas em massa que ocorreram após a intensificação das ações rebeldes em junho de 2020.
Mocímboa da Praia está situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural, em Afungi, Palma, liderado pela TotalEnergies.
Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
A população de outros distritos da província tem relatado a movimentação destes grupos de insurgentes, que provocam o pânico à sua passagem, nas matas, mas sem registo de confrontos, numa altura em que os camponeses tentam realizar trabalhos de colheita nos campos.
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