Palau, Tuvalu e as Ilhas Marshall são as três nações do Pacífico que reconhecem Taiwan como um país independente, posição considerada como uma afronta para Pequim, que afirma que o território é uma província sua.
Os aliados de Taipé no Pacífico diminuíram de seis países, desde 2019. Nauru rompeu laços com Taiwan em janeiro.
À agência de notícias Associated Press (AP), Surangel Whipps Jr. disse que, em 2020, quando era candidato ao cargo atual, o embaixador chinês num país vizinho prometeu inundar Palau, dependente do turismo, com um milhão de visitantes, se as relações com Taiwan fossem rompidas.
"Essa continua a ser a proposta", disse, numa entrevista telefónica. "Eles argumentam: Porque é que se estão a torturar? Juntem-se a nós e o céu é o limite".
Whipps recusou: "Não precisamos de um milhão de turistas". E acrescentou: "Não se trata sempre de quanto dinheiro recebemos".
A posição do Presidente de Palau é cada vez mais rara entre as nações insulares do Pacífico, que estão no centro de uma disputa por influência na região entre a China e países ocidentais.
"À medida que o número de aliados diplomáticos de Taiwan no Pacífico diminui, os obstáculos à diplomacia regional da China diminuem", disse Mihai Sora, diretor do Programa das Ilhas do Pacífico no Instituto Lowy, citado pela AP.
As sanções impostas pela China à intransigência do Palau não são novas, mas estão a aumentar nas vésperas de eleições em novembro, nas quais Whipps procura obter um novo mandato como líder, disse Sora.
Em maio, Whipps culpou a China por um grande ataque informático contra Palau, no qual foram roubados 20.000 documentos governamentais. A alegação não foi provada.
No mesmo mês, representantes da indústria do turismo do Palau viram recusados vistos de entrada em Macau, onde iam participar numa conferência internacional do setor.
Em junho, notícias na imprensa estatal chinesa alertaram os turistas para um aumento dos problemas de segurança no Palau para os visitantes chineses. Os comentários exortaram os cidadãos a serem cautelosos quando viajassem para o país.
Whipps rejeitou os relatos de problemas de segurança, mas disse que as alegações se mantiveram. O número de visitantes da China diminuiu para metade em 2024, sendo agora 30% dos turistas no território, quando, anteriormente, 70% dos visitantes provinham da China.
"Palau encontra-se numa posição em que depende dos turistas chineses para obter rendimentos", disse Sora. "Esta é uma torneira que a China pode facilmente abrir e fechar".
Ao contrário da maioria das nações do Pacífico, Palau, uma república independente desde 1994, mantém laços estreitos com os Estados Unidos através de um acordo de associação livre. Washington fornece ajuda e apoio à Defesa do Palau e os seus cidadãos podem viver e trabalhar nos Estados Unidos.
Analistas afirmam, porém, que Washington foi demasiado lento a reconhecer a campanha de influência da China no Pacífico e deu por garantidas as relações com os líderes de pequenas nações insulares que lutam para enfrentar os crescentes problemas económicos e as ameaças suscitadas pelas alterações climáticas.
Segundo Whipps, Pequim ofereceu incentivos e recebeu com honras de chefe de Estado líderes que nunca se tinham encontrado com um presidente norte-americano antes de uma cimeira do Pacífico na Casa Branca, realizada pela primeira vez, em 2022.
As nações ocidentais viram, por vezes, os países insulares do Pacífico como "pontos num mapa", acrescentou.
Esta semana, Palau recebeu o vice-primeiro-ministro da Nova Zelândia, Winston Peters, que é também ministro dos Negócios Estrangeiros, na visita de maior visibilidade que Whipps recebeu daquele país.
"Esse respeito mútuo, esse carinho, significa muito", disse, acrescentando que a China, noutros locais, "fez muito bem essa diplomacia".
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