Em Caracas, os manifestantes começaram a chegar ao ponto de chamada com bastante antecedência em relação à hora marcada, com bandeiras, faixas e cópias dos registos de votação, conforme solicitado pela líder da oposição, María Corina Machado, através das redes sociais desde terça-feira.
Milhares de pessoas saíram também às ruas nas principais cidades do país, atendendo ao pedido de Machado e González Urrutia, que instaram os venezuelanos a saírem às ruas acompanhados das famílias, com a bandeira nacional e a ata de votação, que asseguram endossar a vitória de Urrutia nas eleições presidenciais.
As cópias das atas tornaram-se um símbolo da maior coligação da oposição, que afirma ter reunido "83,5%" destes documentos.
Através de um vídeo na rede social X (antigo Twitter), Edmundo González Urrutia pediu aos venezuelanos no exterior para serem "a voz de milhões" daqueles "que tentam silenciar" com "perseguições, prisões, assassinatos e censura", para que "o grito de mudança em paz dê a volta ao mundo".
"Temos os votos, temos as atas e mostrámos ao mundo que ganhámos. Estamos a trabalhar incansavelmente para que possam regressar a uma Venezuela de progresso e bem-estar", afirmou o candidato da oposição, citado pela agência Efe, que apelou aos venezuelanos para se manterem "firmes".
No estrangeiro, foram convocadas manifestações em mais de 350 cidades de todo o mundo, tanto na América como no resto dos continentes, onde os manifestantes mostraram sinais para exigir também a liberdade dos detidos, incluindo o jornalista e membro da equipa nacional de comunicação do Partido Vente Venezuela, Gabriel González, preso há dois meses.
A líder da oposição, Maria Corina Machado, vestida com a sua tradicional blusa branca e empoleirada na plataforma de um camião, foi saudada por milhares de manifestantes, relatou a agência France-Presse.
"Liberdade" e "Edmundo para todo el mundo" gritava-se na multidão à chegada, pelo candidato da oposição, que não é visto publicamente desde 30 de julho.
Entretanto, o partido de Nicolás Maduro convocou também uma marcha por todo o país para hoje, para celebrar o que considera ser a "vitória da revolução bolivariana" nas eleições presidenciais, apesar de vários governos estrangeiros e grupos de observadores que participaram nas eleições colocarem em causa os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Segundo o canal estatal VTV, uma caravana motorizada, que partiu do leste de Caracas, segue em direção ao Palácio Miraflores, sede da Presidência, no oeste da cidade.
Durante o passeio, vários motociclistas manifestaram o seu apoio a Maduro em defesa da "pátria" e contra a "violência", enquanto outros criticaram a oposição.
Numa nota da VTV, o representante da Frente Motorizada de Caracas, Abraham Gallardo, estimou a comparência de "mais de 10 mil veículos motorizados", que partiram do leste de Caracas para "levar a paz e a tranquilidade a todos os venezuelanos".
O CNE ratificou a vitória de Maduro no início de agosto com 52% dos votos, sem fornecer a contagem exata nem as atas das assembleias de voto, alegando ter sido vítima de pirataria informática.
A oposição e muitos observadores lançam dúvidas sobre a realidade deste ataque informático.
Segundo a oposição, que tornou públicos os documentos eleitorais obtidos graças aos seus elementos nas mesas, Edmundo González Urrutia, que substituiu Maria Corina Machado, declarada inelegível, obteve 67% dos votos.
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