Justiça venezuelana chama González Urrutia por denúncias de fraude

O Ministério Público da Venezuela adiantou hoje que vai convocar "nas próximas horas" Edmundo González Urrutia, devido a uma investigação de que o candidato presidencial da oposição é alvo por alegados crimes associados às denuncias de fraude eleitoral.

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Lusa
23/08/2024 19:00 ‧ 23/08/2024 por Lusa

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Venezuela

O procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, referiu que vai divulgar brevemente os detalhes desta intimação, onde é esperado que o candidato da Plataforma Unitária Democrática (PUD) fale sobre o 'site' onde foram publicados registos eleitorais que, segundo a oposição anti-Maduro, confirmam a sua vitória nas eleições de 28 de julho.

 

"Tem de comparecer a esta convocatória para poder falar, de forma consequente e sucessiva, sobre a sua responsabilidade antes, durante e depois do 28 de julho, pela sua contumácia, pela sua desobediência às autoridades", sublinhou o procurador, num discurso transmitido pelo canal estatal VTV.

Saab espera que o opositor "preste declarações sobre a sua autoria" na publicação destes dados que, frisou, "usurpou" uma tarefa "que só corresponde" ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que ainda não publicou os dados desagregados que confirmem a anunciada vitória de Nicolás Maduro nas urnas.

"Não mostra a cara, não sabemos onde está", acrescentou o procurador, aludindo à decisão de González Urrutia de permanecer "num abrigo" perante as ameaças do regime chavista, que exigiu prisão para o candidato e para a sua principal apoiante, María Corina Machado.

Entre os crimes referidos pelo Ministério Público no processo contra González Urrutia estão usurpação, formação de quadrilha e associação para a prática de um crime.

Na quinta-feira, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, controlado pelos chavistas, declarou Nicolás Maduro vencedor das eleições presidenciais e instou a Procuradoria-Geral da República a investigar possíveis crimes cometidos pelos líderes da oposição.

O novo anúncio da vitória de Maduro foi rejeitado por numerosos países que pedem às autoridades venezuelanas que publiquem os resultados eleitorais detalhados.

Onze países, entre os quais os Estados Unidos, o Chile e a Argentina, rejeitaram hoje de forma "categórica" a sentença do TSJ.

Em comunicado conjunto divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chileno, os países recordam o seu desconhecimento acerca da "validade da declaração do CNE", por ter sido negado acesso aos representantes da oposição à contagem oficial.

O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, declarou hoje que a UE não reconhecerá Nicolás Maduro como Presidente até que as atas eleitorais sejam verificadas.

O secretário-geral da ONU pediu hoje à Venezuela "total transparência" nos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho e lembrou que o CNE ainda não publicou as atas eleitorais do escrutínio, como reivindica a oposição.

Entretanto, o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, voltou a evitar reconhecer hoje a reeleição de Maduro, insistindo que as atas eleitorais devem ser divulgadas.

Em Caracas, o Governo agradeceu hoje aos presidentes de Cuba e Nicarágua, respetivamente Miguel Díaz-Canel e Daniel Ortega, pelo reconhecimento da vitória de Nicolás Maduro.

O Presidente cubano questionou, no X, "quando os ingerentes se desculparão" perante Maduro, em alusão aos Governos que se recusam a reconhecer a reeleição do líder chavista até que o CNE publique os resultados desagregados, algo que deveria ter sido feito no dia 02 de agosto, segundo o cronograma eleitoral.

[Notícia atualizada às 19h19]

Leia Também: Onze países americanos rejeitam sentença a reconhecer reeleição de Maduro

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