"A invasão de Kursk pela Ucrânia pode ter várias consequências, desde a mobilização total, colocando o país em pé de guerra e até mesmo um ataque nuclear, até à queda do regime que está a mostrar a sua fraqueza e incapacidade de ajudar as pessoas que estão a pedir ajuda a Putin", frisou o ativista russo radicado em Portugal, membro da Associação de Russos Livres.
Timofei Bugaevskii sublinhou que há pedidos de ajuda a Putin neste momento na Rússia, depois da incursão ucraniana na região de Kursk ter forçado à retirada de milhares de pessoas das suas casas.
Para o ativista radicado em Portugal, outro "indicador importante é a ausência de um movimento de guerrilha contra o exército ucraniano que entrou em Kursk".
"Alguém grita 'Glória à Ucrânia' e alguém reage: 'Se as autoridades russas não nos conseguiram proteger, talvez os ucranianos o façam'", sublinhou.
As forças ucranianas têm em curso uma operação terrestre na região russa de Kursk, enquanto as tropas de Moscovo tentam avançar na província de Donetsk, no leste da Ucrânia.
Desde 06 de agosto, as forças ucranianas entraram na região fronteiriça de Kursk, onde reclamam o controlo de mais de 1.250 quilómetros quadrados e acima de 93 localidades, enquanto a Rússia mantém uma pressão crescente na frente de Donetsk, no leste da Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo indicou esta semana que pelo menos 4.700 militares das Forças Armadas ucranianas já morreram no âmbito da sua incursão terrestre em Kursk, estimando que Kiev tenha mobilizado cerca de 12 mil soldados para esta incursão, não descartando que o inimigo possa enviar reforços.
Por sua vez, o governador de Kursk, Alexei Smirnov, revelou esta semana que mais de 133.000 civis tiveram de abandonar as suas casas devido à ameaça ucraniana.
Sobre um possível crescimento do sentimento de oposição na Rússia, com o ataque surpresa ucraniano lançado no início do mês, Timofei Bugaevskii lembrou que é "mais difícil de prever" porque "qualquer discurso [de oposição] pode levar à prisão, onde as pessoas são torturadas até à morte".
"Há pessoas insatisfeitas, mas a população não tem armas para lutar contra a Rosgvardia [Guarda Nacional russa], que está totalmente equipada", sublinhou.
O ativista russo aponta, como uma solução para uma mudança de regime na Rússia, o crescimento de "unidades de voluntários russos" que obtenham um "apoio mais ativo da oposição russa, das autoridades ucranianas e da comunidade internacional".
Defende também um "trabalho para a sua legitimação aos olhos da sociedade russa, como libertadores da tirania", com a "oposição pacífica a desenvolver um bom programa de visão do futuro, reformas e transformações".
Timofei Bugaevskii frisou que muitos russos mobilizados para a guerra querem voltar para as suas famílias e realçou que uma força organizada encontraria "pelo caminho cidadãos entusiastas e a mudança de poder poderia ocorrer sem baixas civis, à semelhança do que aconteceu em Portugal em 1974".
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