Alemanha solidária com Ucrânia mas mantém redução da ajuda militar

O governo alemão, que anunciou uma redução no orçamento da ajuda militar à Ucrânia, garantiu que a sua solidariedade é "contínua e inabalável" perante a "agressão" da Rússia.

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© Pier Marco Tacca/Getty Images

Lusa
24/08/2024 17:14 ‧ 24/08/2024 por Lusa

Mundo

Ucrânia

A garantia foi dada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, numa conversa telefónica com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a propósito do 33.º aniversário da independência da Ucrânia, que hoje se assinala.

 

Num curto comunicado, a chancelaria alemã refere que os dois líderes políticos abordaram a situação militar e humanitária na Ucrânia.

Ambos reiteraram a importância do processo de paz iniciado com uma cimeira na Suíça, em junho, sem a presença da Rússia, e debateram sobre o seu futuro.

"O Presidente Zelensky agradeceu ao governo federal o seu apoio militar contínuo, nomeadamente em matéria de defesa aérea", acrescenta.

Segundo maior contribuinte para o esforço de guerra ucraniano, a seguir aos Estados Unidos, a Alemanha enfrenta a necessidade de fazer cortes orçamentais, num contexto de braço de ferro entre os três partidos da coligação governamental, e decidiu reduzir para metade, no próximo ano, o montante da ajuda militar bilateral a Kyiv.

No passado fim de semana, vários órgãos de comunicação social alemães noticiaram que o Governo, sob pressão do Ministério das Finanças, excluía qualquer apoio orçamental adicional a Kyiv, além do já definido, o que suscitou ferozes críticas até do partido social-democrata do chanceler.

Na segunda-feira, Olaf Scholz garantiu que a Alemanha "é e continuará a ser o principal apoiante da Ucrânia na Europa", apesar dos cortes orçamentais previstos para 2025.

Este anúncio de Berlim está a causar preocupação na União Europeia (UE).

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, considerou a prevista redução da ajuda alemã como "más notícias".

Para compensar os cortes orçamentais, Berlim conta conceder a Kyiv um empréstimo de 50 mil milhões de euros, garantido pelos juros futuros dos bens russos congelados, instrumento financeiro acordado pelos países do G7 na cimeira de junho, em Itália.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados.

Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

As forças armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

Desde 06 de agosto, Kyiv enviou milhares de soldados para a região fronteiriça de Kursk, conquistando dezenas de cidades e várias centenas de quilómetros quadrados ao território russo.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.

O Presidente russo, Vladimir Putin, declarou que um cessar-fogo e conversações só são possíveis se Kyiv ceder as regiões que a Rússia afirma ter anexado desde 2022: Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson.

Moscovo exige também que a Ucrânia renuncie ao desejo de aderir à NATO.

A Ucrânia e os seus aliados ocidentais consideram inaceitáveis as condições russas.

Zelensky tem exigido a retirada das tropas russas de todo o território ucraniano, incluindo a Crimeia, para negociar um acordo de paz.

Leia Também: Jovem de 15 anos detido por possível ligação ao ataque na Alemanha

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