Segundo a agência noticiosa AP, Israel afirmou, sem provas imediatas, ter disparado sobre homens armados que se infiltraram na coluna.
O ataque terá vitimado vários trabalhadores de uma empresa de transportes que a ONG estava a utilizar para levar mantimentos para o Hospital do Crescente Vermelho dos Emirados em Rafah, precisou Sandra Rasheed, diretora da Anera para os territórios palestinianos.
O ataque ocorreu quinta-feira, na estrada de Salah al-Din, na Faixa de Gaza, e atingiu o primeiro veículo da coluna, segundo a mesma fonte.
"Apesar deste incidente devastador, o nosso entendimento é que os restantes veículos da coluna foram capazes de continuar e entregar com sucesso a ajuda ao hospital. Estamos a procurar urgentemente mais detalhes sobre o que aconteceu", informou.
Os militares israelitas não responderam de imediato a um pedido de comentário da AP. No entanto, o porta-voz militar israelita, tenente-coronel Avichay Adraee, postou na rede social X (antigo Twitter) que "homens armados ocuparam um carro à frente da coluna (um jipe) e começaram a conduzir".
"Após a operação de apreensão e depois de confirmar a possibilidade de atacar apenas o veículo dos militantes, o ataque foi efetuado, uma vez que os restantes veículos da caravana não foram atingidos e o alvo foi visado de acordo com o plano", escreveu Adraee.
"A operação para atingir os militantes eliminou o risco de apreensão da caravana humanitária. A presença de homens armados dentro de um comboio humanitário de forma descoordenada dificulta a segurança das caravanas e do seu pessoal e prejudica o esforço humanitário", acrescentou.
Os Emirados Árabes Unidos, que chegaram a um acordo de reconhecimento diplomático com Israel em 2020 e têm fornecido ajuda a Gaza desde o início da guerra Israel-Hamas, não reconheceram imediatamente o ataque.
As forças israelitas têm disparado contra outras colunas de transportes de ajuda na Faixa de Gaza.
O Programa Alimentar Mundial anunciou na quarta-feira que está a suspender todas as deslocações de pessoal em Gaza até nova ordem, devido ao facto de as tropas israelitas terem aberto fogo contra um dos seus veículos marcados, atingindo-o com pelo menos 10 tiros. O tiroteio ocorreu apesar de ter recebido várias autorizações das autoridades israelitas.
Em 23 de julho, a UNICEF afirmou que dois dos seus veículos foram atingidos por munições reais enquanto esperavam num ponto de detenção designado.
Em abril, um ataque israelita atingiu três veículos da World Central Kitchen, matando sete pessoas.
O conflito em curso iniciou-se em outubro do ano passado, quando os islamitas palestinianos do Hamas lançaram um ataque ao território israelita que causou cerca de 1.200 mortos e perto de 200 reféns.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar em grande escala contra a Faixa de Gaza que, até agora, causou mais de 40.600 mortos e quase 94.000 feridos, segundo o balanço mais recente das autoridades locais do enclave controlado pelo Hamas.
Leia Também: OMS espera que Israel e Hamas respeitem pausas acordadas para vacinação