"As inspeções têm aumentado", afirmou o responsável da Agência de Energia Atómica do Irão, Mohammad Eslami, numa entrevista à televisão estatal na noite de sábado, sem adiantar mais detalhes sobre este aumento das inspeções.
Esta afirmação contradiz as declarações do diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, que, na quinta-feira, reiterou que as atividades de inspeção e supervisão dos inspetores desta agência continuam a ser "seriamente afetadas" pelo incumprimento do Irão dos seus compromissos nucleares estabelecidos.
O responsável pelo programa nuclear iraniano indicou que, segundo os mesmos dados da agência nuclear da ONU, cerca de 22% do total das inspeções realizadas em 2023 foram no Irão, sustentando que a capacidade nuclear do país a nível mundial é de apenas 3%.
"Este volume de inspeções não se verificou na história de nenhum país", sustentou Mohammad Eslami, citado pela agência EFE, acrescentando que esta monitorização nada tem a ver com o acordo nuclear assinado em 2015, uma vez que outros signatários do pacto não estão a cumpri-lo.
O responsável explicou ainda que o programa nuclear iraniano é monitorizado no âmbito do acordo de salvaguarda e do Tratado de Não-Proliferação (TNP) e não pelo acordo nuclear de 2015.
Com a assinatura do acordo nuclear, o Irão prometeu limitar o seu programa nuclear enquanto as sanções internacionais impostas ao país eram levantadas.
Com a saída unilateral dos Estados Unidos do pacto, em 2018, e a imposição de novas sanções a Teerão, o país deixou de cumprir os compromissos contemplados no pacto, acelerando o enriquecimento de urânio.
A AIEA reportou na quinta-feira que o Irão manteve nos últimos três meses o ritmo de produção de urânio enriquecido em cerca de 60%, próximo dos 90% necessários para uso militar, acumulando 164,7 quilos deste material, mais 16% do que em maio.