Na Turíngia, a vitória do partido Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita) foi contundente - 32,8% dos votos, à frente da União Democrata Cristã (CDU, centro-direita), principal partido de oposição nacional, com 23,6% - e na Saxónia o resultado permanece em aberto.
As projeções das emissoras públicas ARD e ZDF para a Saxónia, com a contagem já na fase final, colocam a CDU, que lidera o estado desde a reunificação alemã em 1990, com 31,9% e o AfD em 30,7%.
Em ambos os casos, os resultados foram em linha com sondagens da última semana, tal como o forte desempenho da nova Aliança Sahra Wagenknecht (BSW, extrema-esquerda), que obteve 15,8% dos votos na Turíngia e quase 12% na Saxónia, tornando-se na terceira força em ambos os parlamentos.
A subida desta formação parece ter sido feita à custa do partido de que é dissidente, A Esquerda, que caiu fortemente.
A baixa votação das formações da coligação de governo liderada por Olaf Scholz - o seu Partido Social Democrata (SPD, centro-esquerda), Os Verdes e Democratas Livres - remetem-nos a um papel secundário em qualquer solução de governo nos dois 'länder'.
Com resultados de um dígito, o SPD conseguiu manter a representação em ambos os parlamentos, mas Os Verdes perderam os assentos na Turíngia e os liberais ficaram sem representação em qualquer destes estados.
Omid Nouripour, um líder d'Os Verdes manifestou "muita preocupação e medo profundo" por "um partido abertamente extremista de direita tornar-se na força mais forte num parlamento estadual pela primeira vez desde 1949".
Alice Weidel, co-líder nacional do AfD, assumiu "um sucesso histórico" para o partido que tem na rejeição da imigração a sua principal bandeira.
O resultado, considerou, é um "réquiem" para a coligação de Scholz e a renúncia dos restantes partidos a integrar uma solução de governo com a AfD é "pura ignorância", pois "os eleitores querem" que o partido governe.
O secretário-geral do partido conservador CDU rejeitou coligações com a AfD para formar maioria parlamentar na Turíngia e na Saxónia.
"Os eleitores sabem que não vamos entrar numa coligação com o AfD", disse Carsten Linnemann, reconhecendo que encontrar uma maioria parlamentar nos dois estados do leste do país "não será fácil".
É no antigo leste comunista, mais pobre que as regiões ocidentais do país, que se tem constituído o bastião do AfD, alvo dos serviços de informações alemães que consideraram as filiais do partido grupos "comprovadamente extremistas de direita". O líder do AfD na Turíngia, Björn Höcke, foi condenado por usar um slogan nazi em eventos políticos, decisão de que recorreu.
Hoje, Höcke irritou-se quando um entrevistador da televisão ARD mencionou a vigilância de que o partido é alvo: "Nós somos o partido número um na Turíngia e você não quer classificar um terço dos eleitores da Turíngia como extremistas de direita".
Os "partidos antigos", disse "deveriam mostrar humildade" perante os resultados de hoje.
A região regista rejeição elevada da imigração, de que o AfD terá beneficiado.
O esfaqueamento em 23 de agosto na cidade ocidental de Solingen, no qual um suspeito extremista da Síria é acusado de matar três pessoas, ajudou a colocar a questão no topo da agenda política da Alemanha e levou o governo Scholz a anunciar novas restrições d porte de armas brancas e novas medidas para facilitar deportações.
Uma terceira eleição estadual está marcada para 22 de setembro noutro estado de leste, Brandemburgo, atualmente liderado pelo partido de Scholz.
A próxima eleição nacional da Alemanha está prevista para daqui a pouco mais de um ano.
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