Maoris da Nova Zelândia nomeiam mulher como monarca dos indígenas

Os chefes das tribos maori da Nova Zelândia nomearam Nga Wai Hono i te Po como nova monarca simbólica dos povos indígenas do país, tornando-se na segunda mulher a ocupar o cargo, foi hoje divulgado.

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© Phil Walter/Getty Images

Lusa
05/09/2024 07:45 ‧ 05/09/2024 por Lusa

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Nova Zelândia

A nova líder, filha do rei Kiingi Tuheitia (1955-2024), foi eleita na quarta-feira pelo conselho consultivo indígena do Kiingitanga, o movimento que representa várias tribos maori da Nova Zelândia desde 1858, uma vez que a posição simbólica de monarca maori não é hereditária por direito.

 

"Damos as boas-vindas ao Upoko [líder] Ariki, Nga Wai Hono i te Po, que leva por diante o manto de liderança deixado pelo seu pai. O caminho a seguir é iluminado pelo grande legado de Kiingi Tuheitia", afirmou o primeiro-ministro da Nova Zelândia, Christopher Luxon, em comunicado.

"Kiingi Tuheitia era um líder humilde que serviu o povo com sabedoria", acrescentou.

A nomeação de Nga Wai Hono i te Po, de 27 anos, ocorreu pouco antes do enterro do pai, que incluiu rituais tradicionais e uma procissão de centenas de maoris por terra e de jangada até à montanha Taupiri Maunga, na ilha Norte, a cerca de 100 quilómetros a sul de Auckland, considerada pelos maoris um local sagrado e de descanso eterno.

A nova rainha, envolta num manto, com uma coroa de plantas na cabeça e um colar esculpido em forma de folha, foi recebida por um grupo de homens, com tangas e tatuagens tradicionais no corpo, que executaram a tradicional dança "haka", de acordo com a cerimónia entretanto transmitida nas redes sociais do Kiingitanga.

A sucessora, sentada num trono de madeira esculpida junto ao caixão do pai, foi abençoada pelos anciãos e religiosos, em maori e inglês, durante a cerimónia, e foi aplaudida de pé pela multidão indígena.

A nomeação da rainha, que tem um mestrado em Assuntos Maori, é "uma boa notícia para a geração mais jovem", disse à emissora pública neozelandesa TVNZ Moesha Wharawhara-Gate, maori de 27 anos que acompanhou a cerimónia.

Adolescentes notaram à mesma emissora ser "muito fixe" ter uma nova rainha, porque os deixa orgulhosos serem maori, um grupo com elevadas taxas de suicídio entre os jovens e de encarceramento nas prisões do país.

Na Nova Zelândia, os maoris representam cerca de 17% da população - cerca de 900 mil pessoas - dos mais de 5,1 milhões de habitantes do país. Em termos de população prisional, os homens representam 52% dos reclusos e as mulheres 67%, de acordo com números oficiais.

Kiingi Tuheitia, que morreu de causas naturais aos 69 anos, após 18 anos de reinado simbólico, era filho de Te Atairangikaahu, primeira monarca maori da dinastia Kiingitanga, inaugurada pelo rei Potatau Te Wherowhero.

Kiingi Tuheitia também teve dois filhos, Tamaaroa Whatumoana, o mais velho, e Turuki Korotangi.

O "Te Tari o te Kiingitanga" foi criado em meados do século XIX, no auge da colonização britânica, para pôr fim à venda de terras indígenas, acabar com as guerras tribais e preservar a cultura maori da colonização, de acordo com o 'site' deste movimento indígena neozelandês.

Leia Também: Nova Zelândia quase triplica imposto de entrada de turistas em outubro

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