Erdogan condena baleamento mortal na Cisjordânia de cidadã dos EUA e Turquia

O Presidente turco Recep Tayyip Erdogan condenou hoje o baleamento mortal de uma jovem ativista pró-palestiniana de dupla nacionalidade, norte-americana e turca, em Beita, no norte da Cisjordânia, onde o Exército israelita admitiu ter aberto fogo.

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© REUTERS/Bernadett Szabo

Lusa
06/09/2024 20:42 ‧ 06/09/2024 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Condeno a intervenção bárbara de Israel contra uma manifestação anti-ocupação na Cisjordânia e rezo pela misericórdia de Deus para a nossa cidadã Aysenur Ezgi Eygi, que perdeu a vida neste ataque", escreveu o Presidente turco na rede social X.

 

O Ministério dos Negócios Estrangeiros turco havia já reagido em comunicado ao "assassínio cometido pelo Governo de [Benjamin] Netanyahu", primeiro-ministro israelita, que qualificou de "tentativa de intimidar todos os que vêm em auxílio dos palestinianos e lutam pacificamente contra o genocídio".

"Esta política de violência não produzirá quaisquer resultados", afirmou a diplomacia turca, condenando o que classificou como um "crime contra a humanidade".

Antes, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, lamentou a morte "trágica" e "deplorável" da ativista.

"Lamentamos esta perda trágica", disse Blinken a jornalistas na República Dominicana, onde está de visita.

"Quando tivermos mais informações, iremos partilhá-las, disponibilizá-las e agiremos em conformidade", afirmou.

Em comunicado, o Exército israelita declarou que membros das forças que operam perto de Beita "responderam com fogo na direção do principal instigador de atos de violência, que tinha atirado pedras aos soldados e representava uma ameaça para eles".

O Exército está "a analisar informações segundo as quais uma cidadã estrangeira foi morta na sequência de tiros disparados na zona" e os "pormenores do incidente [bem como] as circunstâncias em que foi atingida estão a ser examinados", acrescenta a nota.

O médico Fuad Nafaa, diretor do hospital Rafidia, em Nablus, no norte da Cisjordânia, anunciou hoje à tarde a morte da jovem de 26 anos, Aysenur Egzi Eygi.

Ela "deu entrada no hospital com um ferimento de bala na cabeça e nós declarámos o óbito pelas 14:30 (12:30 de Lisboa)", declarou o responsável clínico, citado pela agência de notícias francesa AFP após contacto telefónico.

A jovem era membro do Movimento Internacional de Solidariedade (ISM), uma organização pró-palestiniana, e estava em Beita para participar numa manifestação semanal contra a expansão dos colonatos israelitas na zona, indicou a co-fundadora da organização não-governamental (ONG), Neta Golan.

Israel ocupa a Cisjordânia desde 1967 e a ONU repete regularmente que a construção de colonatos israelitas neste território palestiniano é ilegal à luz do direito internacional.

Contactado por telefone, o presidente da Câmara de Beita, Mahmud Barham, disse à AFP que a tragédia ocorreu depois de a maioria dos manifestantes ter dispersado.

"Fomos para casa e só um pequeno número de pessoas permaneceu no local, incluindo a ativista norte-americana", indicou Barham, referindo que esta era a sua primeira participação na marcha semanal de Beita.

O autarca acrescentou ter sido informado, depois de regressar a casa, que um soldado israelita "tinha disparado dois tiros na direção dos que ficaram".

Segundo o Crescente Vermelho Palestiniano, um jovem palestiniano de 18 anos foi ferido por fogo israelita em Beita.

"A mensagem é clara e estamos a dizer ao [Presidente dos Estados Unidos, Joe] Biden: as balas norte-americanas que apoiam o Governo de ocupação estão a matar [...] cidadãos norte-americanos, da mesma forma que estão a matar as nossas crianças em Gaza, Jenin e Tulkarem" - duas cidades no norte da Cisjordânia recentemente alvo de uma operação militar israelita -, declarou o governador de Nablus, Ghassan Daghlass, à comunicação social.

"Durante uma marcha pacífica, estrangeiros e ativistas da paz foram mortos", acrescentou, acusando Israel de "matar a paz".

O secretário-geral do Comité Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP), Hussein Cheikh, escreveu na rede social X (antigo Twitter) que a morte da ativista turco-norte-americana é "mais um crime que vem somar-se à série de crimes todos os dias cometidos pelas forças de ocupação, cujos autores devem prestar contas perante a justiça internacional".

Desde o início da guerra de Israel contra o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, a 07 de outubro de 2023, desencadeada por um ataque sem precedentes daquele movimento em território israelita, a violência entre palestinianos, de um lado, e o Exército israelita e os colonos, de outro, intensificou-se na Cisjordânia.

Segundo dados do Ministério da Saúde palestiniano, pelo menos 661 palestinianos foram mortos por disparos de soldados ou colonos israelitas, e pelo menos 23 israelitas, incluindo soldados, morreram em ataques palestinianos ou operações militares, segundo dados oficiais israelitas.

Em comunicado, o Hamas descreveu a morte da ativista pró-palestiniana turco-norte-americana Aysenur Egzi Eygi como um "crime hediondo".

Leia Também: Ancara condena morte de cidadã turco-americana na Cisjordânia

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