"Os três grandes atores com influência estrangeira, a Rússia, o Irão e a China, estão a tentar, até certo ponto, exacerbar as divisões na sociedade norte-americana em seu próprio benefício e veem os períodos eleitorais como momentos de vulnerabilidade", declarou hoje um funcionário do Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional (Office of the Director of National Intelligence, ODNI) numa conferência de imprensa.
Faltam dois meses para os americanos escolherem quem será o seu presidente entre a democrata Kamala Harris ou o republicano Donald Trump.
À medida que se aproxima o dia 05 de novembro, "os atores estrangeiros estão a intensificar os seus esforços de influência eleitoral", afirmou o funcionário dos serviços secretos, que quis deixar clara a diferença entre influência e interferência.
Esta última consiste em degradar ou perturbar a capacidade dos Estados Unidos de realizarem eleições e, por enquanto, esclareceu, não se observou nenhum ator estrangeiro a tentar interferir na realização das eleições de 2024.
"Acreditamos que seria difícil para um ator estrangeiro manipular os processos eleitorais a uma escala suficientemente grande para afetar o resultado das eleições federais sem ser detetado", afirmou.
No entanto, estão a ser identificadas numerosas ações que procuram influenciar as eleições, especialmente através da utilização de ferramentas cibernéticas para recolher informações que os ajudem a adaptar as mensagens de influência a públicos específicos dos Estados Unidos ou a denegrir candidatos específicos através de fugas de informação.
Os três grandes influenciadores estrangeiros são a Rússia, o Irão e a China, que procuram amplificar questões controversas e defender uma retórica que procura dividir os americanos e fazer com que o sistema democrático dos Estados Unidos pareça fraco, afirmou o funcionário.
Entre os três países, a Rússia é a ameaça principal e a mais ativa às eleições deste ano, principalmente devido à sua guerra contra a Ucrânia e ao apoio incondicional do Presidente Joe Biden ao seu homólogo ucraniano, Volodymir Zelenski.
Para inverter esta situação, o governo norte-americano anunciou esta semana uma série de sanções contra os meios de comunicação social russos, como o canal de televisão RT, e contra jornalistas por participarem numa alegada campanha orquestrada pelo Kremlin para influenciar as eleições presidenciais americanas.
Quanto ao Irão, o país liderado por Masoud Pezeshkian está a fazer "um esforço maior do que no passado para influenciar as eleições deste ano", observou a fonte dos serviços secretos, embora as suas táticas e abordagens sejam semelhantes às dos ciclos anteriores.
Teerão também procurou obter acesso cibernético a indivíduos com ligações diretas às campanhas de ambos os partidos políticos e também está a conduzir operações secretas nas redes sociais, utilizando personas falsas e inteligência artificial para ajudar a publicar artigos noticiosos não autênticos.
A China, por seu lado, está concentrada em influenciar as eleições de nível inferior e não a corrida presidencial e há muito que se envolve com funcionários e entidades dos Estados Unidos a nível estatal e local.
A fonte do ODNI referiu que vários países, "para além destes três atores", estão a considerar atividades que, no mínimo, "testam os limites da influência eleitoral", incluindo "fazer lobby junto de figuras políticas para tentar obter favores caso sejam eleitos para o cargo".
No dia 05 de novembro, os americanos elegerão o presidente do país, 35 membros do Senado, 435 membros da Câmara dos Deputados, treze governadores e dezenas de cargos estaduais e locais.
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