A ameaça, inicialmente feita em agosto, ganhou novas proporções nos últimos dias com uma operação mediática durante a qual foi apresentada uma fila de autocarros amarelos da empresa pública, especialmente fretados para esta missão, segundo o governo húngaro.
"A UE quer forçar a Hungria a deixar entrar os imigrantes ilegais que paramos na fronteira sul do país. Pois bem! Após a aplicação dos procedimentos europeus, iremos oferecer-lhes um bilhete só de ida gratuito para Bruxelas", realçou, na sexta-feira, o vice-ministro do Interior, Bence Retvari.
A Hungria respondeu desta forma a uma multa recorde de 200 milhões de euros que lhe foi aplicada em junho pela justiça europeia por incumprimento dos tratados sobre o direito de asilo, acompanhada de uma multa diária de um milhão de euros. Budapeste recusa-se a pagar, considerando a decisão injusta e escandalosa.
Já a secretária de Estado belga para o Asilo e Migração, Nicole de Moor, considerou hoje esta ameaça da Hungria inaceitável.
"A Bélgica não permitirá o acesso a estes fluxos migratórios politicamente instrumentalizados. Precisamos de trabalhar juntos para uma política de migração justa, humana e eficaz", realçou De Moor, através da sua conta na rede social X.
A secretária de Estado belga indicou também, em comunicado, que o seu país "continua a defender uma política unida e coordenada, na qual o respeito pelos valores europeus e pelas obrigações internacionais são centrais".
E acrescentou que a ameaça da Hungria "por sua própria iniciativa e sem consulta, mostra uma falta de respeito pelas instituições europeias e pelas políticas conjuntas".
De Moor apelou também ao embaixador belga na UE para questionar o seu homólogo húngaro sobre este assunto e para a Comissão Europeia "responder com firmeza e determinação."
Questionada no mês passado sobre o assunto, a Comissão Europeia preferiu não comentar, dizendo estar habituada a tais "declarações em voz alta da Hungria".
Nunca perdendo a oportunidade de denunciar uma substituição étnica que acredita estar a ocorrer nos países da Europa Ocidental, o primeiro-ministro nacionalista húngaro, Viktor Orban, opõe-se veementemente à chegada de migrantes não europeus ao seu país.
Desde a crise de 2015 que as autoridades húngaras 'barricam' a Hungria, erguendo vedações nas suas fronteiras, sublinhando que o objetivo é defender uma Europa cristã.
Se Budapeste não pagar a multa, a Comissão Europeia pode recuperar os montantes em dívida, deduzindo-os dos fundos europeus que ainda não pagou.
Continuam congelados 19 mil milhões de euros em fundos por ataques aos princípios do Estado de direito.
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