O Papa, que iniciou na segunda-feira uma visita de três dias à capital timorense, discursava na Catedral da Imaculada Conceição, num encontro com bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados, seminaristas e catequistas.
"Também o vosso país, radicado numa longa história cristã, precisa hoje de um renovado impulso na evangelização para que chegue a todos o perfume do evangelho: um perfume de reconciliação e de paz depois dos sofridos anos de guerra", afirmou Francisco.
O Papa referia-se ao Evangelho de João e à história de quando Maria ungiu os pés de Jesus, com perfume de nardo puro, e depois os limpou com os cabelos, espalhando o perfume por toda a casa.
Segundo Francisco, em Timor-Leste o "perfume do evangelho" deve também ajudar os "pobres a reerguerem-se" e suscitar o "empenho de levantar os destinos económicos e sociais do país" e um "perfume de justiça contra a corrupção", que não pode entrar na comunidade, nas paróquias, salientou.
"E, em particular, o perfume do Evangelho deve ser difundido contra tudo o que humilha, deturpa e até destrói a vida humana, contra as chagas que geram vazio interior e sofrimento, como o alcoolismo, a violência e a falta de respeito pela dignidade das mulheres", afirmou.
"As mulheres são o mais importante da igreja, irmãs sejam mães do povo de Deus", disse, recebendo aplausos dos presentes.
Francisco disse que "o Evangelho de Jesus tem o poder de transformar estas realidades obscuras e gerar uma sociedade nova", salientando que é preciso "quebrar a casca" e sair da "religiosidade preguiçosa e cómoda".
O Papa pediu também aos sacerdotes para não terem um "sentimento de superioridade em relação ao povo, induzindo à tentação do orgulho e do poder".
Segundo Francisco, o ministério não é um "prestígio social".
"Lembremo-nos disto: com perfume se ungem os pés de Cristo, que são os pés dos nossos irmãos na fé, a começar pelos mais pobres", disse, lembrando que um padre é um "instrumento de bênção" e "nunca deve aproveitar-se da sua função".
O Papa pediu também para que a "doutrina cristã" seja aprofundada para "amadurecer a partir da formação espiritual, catequética e teológica", porque "tudo serve para anunciar o Evangelho" na cultura timorense e "ao mesmo tempo purificá-la de formas e tradições arcaicas, por vezes supersticiosas".
O segundo dia da visita do Papa a Díli inclui ainda um encontro privado com os membros da companhia de Jesus e a missa papal, a realizar em Tasi Tolu, a cerca de 10 quilómetros a oeste da capital, para milhares de timorenses.
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