Trump recusou derrota em 2020 e negou envolvimento no ataque ao Capitólio

O candidato presidencial republicano, Donald Trump, voltou na terça-feira a recusar reconhecer a sua derrota nas eleições de 2020 para o atual Presidente, Joe Biden, e negou qualquer envolvimento no ataque ao Capitólio.

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© Getty Images/Doug Mills/The New York Times/Bloomberg

Lusa
11/09/2024 05:08 ‧ 11/09/2024 por Lusa

Mundo

EUA

 

 

"Há tantas provas... tudo o que é preciso fazer é dar uma vista de olhos", afirmou o magnata republicano, reiterando as suas alegações infundadas de suposta fraude eleitoral durante o debate presidencial com a sua adversária democrata, a vice-presidente Kamala Harris.

Quando foi confrontado pelo moderador do debate com as suas afirmações de que perdeu a eleição de 2020 "por um triz", Trump recuou e garantiu que usou esse termo de forma sarcástica.

"Donald Trump foi afastado por 81 milhões de pessoas. Vamos deixar isso claro. E claramente ele está a ter muita dificuldade para processar isso", respondeu Kamala Harris.

No debate, Donald Trump negou ainda o seu envolvimento no ataque de 06 de janeiro de 2021, quando apoiantes do ex-presidente invadiram violentamente o Capitólio norte-americano para tentar evitar a confirmação da vitória eleitoral de Joe Biden.

O candidato republicano alegou que pediu aos seus eleitores para agirem "pacificamente e patrioticamente" e atribuiu a culpa do ataque à ex-presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, por não reforçar a segurança do Capitólio.

 

Contudo, Trump, que durante meses espalhou mentiras sobre uma grande fraude eleitoral, encorajou essa multidão de apoiantes a marchar até ao Capitólio, onde o comício se transformou num tumulto violento que feriu cerca de 150 polícias.

O magnata enfrenta acusações criminais federais de conspirar para anular a eleição de 2020 e acusações semelhantes na Geórgia.

Quando os moderadores perguntaram a Trump se se arrependia do que fez naquele dia, Trump reiterou: "Não tive nada a ver com isso, exceto que me pediram para fazer um discurso".

O debate desta terça-feira - o primeiro entre Kamala Harris e Donald Trump - foi especialmente acalorado e os candidatos recorreram em diversas ocasiões à linguagem não-verbal para demonstrar a sua desaprovação.

Kamala Harris, ciente de que a televisão muitas vezes mostra os candidatos em ecrã dividido, aproveitou a oportunidade para abanar a cabeça em desacordo quando Trump falava, para levantar as sobrancelhas em surpresa ou para semicerrar os olhos, simulando tentar acompanhar a argumentação do magnata.

Por sua vez, Trump sorriu sarcasticamente e, em algumas ocasiões, não se conteve, continuando os seus ataques mesmo quando os microfones foram silenciados, conforme testemunhou um pequeno grupo de repórteres que foi autorizado a permanecer no local do debate.

À medida que o debate foi avançando, Donald Trump foi perdendo o controlo, respondendo às provocações da vice-presidente e repetindo uma série de falsas afirmações.

Subindo o tom, Trump aproveitou para responsabilizar os democratas pela tentativa de assassinato de que foi alvo em julho passado, defendendo que foi a retórica de Kamala Harris e de outros democratas que alimentou esse ataque. 

"Provavelmente levei um tiro na cabeça por causa das coisas que dizem sobre mim", disse Trump em resposta à alegação de Harris de que ele usaria o Departamento de Justiça como arma contra os seus inimigos políticos se fosse reeleito.

Até ao momento, os investigadores não identificaram um motivo para o ataque.

Sobre política externa, Trump foi questionado sobre se queria que a Ucrânia vencesse a guerra com a Rússia, mas evitou responder diretamente.

"Eu quero que a guerra acabe. Eu quero salvar vidas", declarou Trump, voltando a prometer resolver a guerra antes de tomar posse, negociando com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e com o líder russo, Vladimir Putin.

Questionado novamente se seria do melhor interesse dos Estados Unidos que a Ucrânia vencesse a guerra, Trump disse que era do interesse do país "terminar esta guerra".

"O que farei é falar com um e falar com o outro. Vou reuni-los", disse Trump, acrescentando que o conflito "nunca teria acontecido" se ele fosse Presidente.

Quando indagado sobre como tencionaria negociar para acabar com a guerra em Gaza e libertar os reféns israelitas, o candidato republicano voltou igualmente a afirmar que o ataque do Hamas a Israel em 07 de outubro nunca teria acontecido sob o seu comando.

Trump acusou ainda Kamala Harris de "odiar Israel" e afirmou acreditar que se "ela for Presidente, Israel não existirá dentro de dois anos."

Por sua vez, Kamala Harris negou as acusações do magnata, descrevendo-se como uma defensora vitalícia do Estado judaico.

O debate histórico de terça-feira foi o primeiro entre Donald Trump e Kamala Harris e começou com um raro aperto de mãos, iniciado pela vice-presidente, que se apresentou pelo nome, num lembrete de que esta é a primeira vez que os dois políticos se encontram pessoalmente. É também o primeiro aperto de mãos num debate presidencial desde 2016.

Sediado pela rede ABC News, o debate decorreu no National Constitution Center, em Filadélfia, e foi regido pelas mesmas regras que foram ditadas para o histórico debate de junho entre Trump e o atual Presidente e ex-candidato democrata, Joe Biden, que acabou por desistir da corrida após um fraco desempenho nesse confronto.

Os jornalistas da ABC News David Muir e Linsey Davis moderaram o debate -- o único agendado até ao momento entre Donald Trump e Kamala Harris, pelo que poderá ser a primeira e única vez que os eleitores verão os dois políticos num frente-a-frente antes da eleição geral.

Leia Também: Campanha de Kamala Harris pede segundo debate contra Trump

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