"Os túneis, de diferentes comprimentos, estão selados ou bloqueados do lado egípcio. Não sabemos quando foram fechados", disse um porta-voz militar à imprensa internacional, pouco antes de entrar em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, numa viagem com o exército israelita.
Segundo o chefe do Estado-Maior do Exército israelita, o tenente-general Herzi Halevi, estes túneis eram provavelmente utilizados para o contrabando de armas, mas neles refugiavam-se também os combatentes do Hamas após o lançamento de 'rockets', "porque sabiam que Israel não atacaria perto da fronteira egípcia".
Apesar do controlo militar de Israel sobre aquela fronteira, no resto de Rafah as tropas continuam a analisar e a destruir uma "fortaleza" de túneis, que hoje descreveram como "a mais densa" encontrada em toda a Faixa de Gaza.
"Estamos a demolir os túneis [do] corredor de Filadélfia. Já destruímos a maioria dos túneis e estamos a analisar outros. Esta era uma das nossas principais missões contra a Brigada de Rafah", explicou Halevi no bairro de Tel al-Sultan, em Rafah.
Atrás dele, via-se a entrada do túnel onde foram há duas semanas encontrados os corpos sem vida de seis reféns, mortos pelo Hamas horas antes da chegada das tropas israelitas.
Segundo dados da Divisão 162, que opera em Rafah, só nesta zona de Gaza, os seus homens já eliminaram mais de 2.300 guerrilheiros e destruíram mais de 13 quilómetros de túneis. Em redor, há edifícios destruídos e entulho, numa Gaza irreconhecível.
Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 97 dos quais continuam em cativeiro, 33 dos quais entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.
A guerra, que hoje entrou no 347.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 41.130 mortos (quase 2% da população) e 95.125 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais.
Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo destes mais de 11 meses de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.
O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
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