Após as explosões de terça e quarta-feira, atribuídas a Israel, de engenhos de transmissão utilizados por membros do Hezbollah, que mataram 37 pessoas e feriram 3.200 em todo o Líbano, as trocas de tiros intensificaram-se desde quinta-feira entre o exército israelita e o movimento islamita.
De facto, a estes ataques seguiu-se o bombardeamento de um edifício residencial nos subúrbios do sul de Beirute, conhecido como Dahye, tendo já provocado pelo menos 37 mortos, entre eles três crianças, e 68 feridos, segundo o último balanço do Ministério da Saúde Pública libanês.
O movimento islamita admitiu, entretanto, que o ataque de sexta-feira matou 16 combatentes do Hezbollah, entre eles o chefe da unidade Radwan, Ibrahim Aqil.
O grupo xiita pró-iraniano deu ainda conta da morte do comandante Ahmed Mahmoud Wahbi, que liderou as operações militares da sua unidade de elite Radwan até ao início deste ano, em apoio ao Hamas palestiniano.
Se o embaixador israelita na ONU, Danny Danon, se vangloriou da morte de Aqil, "um dos homens mais procurados do mundo", o Hamas garantiu que Israel pagaria "um preço elevado" pelo ataque.
Já na quinta-feira, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou que Israel iria receberia um "castigo terrível" após as duas vagas de explosões.
Este sábado, o grupo libanês afirmou que disparou salvas de foguetes Katyusha em dois locais militares do norte de Israel.
"[Foi uma] resposta aos ataques inimigos no sul do Líbano", referiu, enquanto correspondentes da agência de notícias AFP relataram intensos bombardeamentos em diferentes áreas do sul do Líbano.
Por seu turno, o líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, apelou hoje aos países muçulmanos para cortarem os vínculos económicos e reduzir as relações políticas com Israel, dados os "crimes" em Gaza, na Cisjordânia, na Síria e no Líbano.
Khamenei aproveitou o aniversário do nascimento do profeta do Islão, Maomé, para apelar à comunidade islâmica para "se unir e usar a sua força interior para destruir" Israel.
"Este poder interno pode eliminar e erradicar este tumor cancerígeno maligno do coração da comunidade islâmica e destruir a influência, o domínio e a interferência coercitiva dos Estados Unidos nesta região", enfatizou.
Saliente-se ainda que o chefe da diplomacia libanesa, Abdallah Bou Habib, anunciou a apresentação de uma queixa ao Conselho de Segurança da ONU na sequência da "agressão ciberterrorista israelita, que constitui um crime de guerra".
O direito internacional "proíbe" a utilização de dispositivos "armadilhados" que aparentem ser objetos "inofensivos", disse o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, ao Conselho de Segurança na sexta-feira.
"O facto de atingir simultaneamente milhares de pessoas, sejam elas civis ou membros de grupos armados, sem saber quem está na posse dos dispositivos em causa (...) viola o direito internacional humanitário", afirmou.
A primeira vaga de explosões de 'pagers' ocorreu na terça-feira, pouco depois de Israel ter anunciado que estendia os seus objetivos de guerra à frente norte, ou seja, à fronteira com o Líbano, para permitir que dezenas de milhares de habitantes deslocados pela violência regressassem às suas casas.
Até agora, os principais objetivos eram a destruição do Hamas, que está no poder em Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), e o regresso dos reféns detidos no território palestiniano.
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