Exército do Bangladesh dá a Governo de transição 18 meses para eleições

O chefe do Exército do Bangladesh ofereceu esta quarta-feira apoio ao Governo de transição "aconteça o que acontecer", mas deu-lhe um prazo de 18 meses para realizar eleições que permitam pôr fim à crise política no país.

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© REUTERS/Mohammad Ponir Hossain

Lusa
25/09/2024 15:59 ‧ 25/09/2024 por Lusa

Mundo

Bangladesh

O general Waker Uz Zaman, que se recusou a apoiar a agora ex-primeira-ministra Shaykh Hasina durante os fortes protestos estudantis do verão que levaram à sua demissão e à sua saída do país, manifestou o desejo de ver o Bangladesh regressar a uma via democrática no próximo ano e meio.

 

Após a fuga de Hasina, o Exército concentrou mais poderes nas mãos de Zaman e este desempenhou um papel fundamental no controlo dos surtos de violência no Bangladesh, que tem agora um Governo provisório liderado pelo Prémio Nobel da Paz 2006, Muhammad Yunus.

Zaman tem mantido reuniões semanais com Yunus, que afirma apoiar na tentativa de estabilizar a situação no país, segundo informações veiculadas pelo diário The Daily Star.

Um dos filhos de Hasina, Wazed Joy, reiterou que a ex-governante planeia regressar ao Bangladesh quando forem convocadas eleições gerais e defendeu que a via democrática é inviável sem a participação do partido da mãe, a Liga Awami, acrescentando esperar que tais eleições possam ser convocadas dentro de 90 dias.

Tanto o partido de Hasina como o Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP), na oposição, apelaram para a realização de eleições num prazo de 90 dias, posição que têm vindo a sublinhar desde que o Governo provisório tomou posse, há mais de um mês.

Yunus, por seu lado, propôs a reforma do sistema judicial e das instituições políticas e financeiras do Bangladesh antes das eleições, embora ainda não tenha definido uma data específica.

Joy, que reside nos Estados Unidos, asseverou que nem o chefe do Exército nem o Governo interino tentaram manter conversações sobre essa matéria com aquele que foi o partido mais votado nas eleições do passado mês de janeiro, nas quais apenas participaram cerca de 40% dos eleitores.

"É impossível realizar reformas legítimas e eleições se se excluir o partido mais votado e mais antigo do país", argumentou, sustentando que o ideal seria realizar tais eleições o mais rapidamente possível.

Hasina - que tem vários processos judiciais contra si por violência no âmbito dos protestos - continua refugiada na Índia, depois de ter abandonado o Bangladesh, no mês passado.

Outros dirigentes da Liga Awami foram detidos ou acusados de serem responsáveis pelas numerosas vítimas registadas durante a contestação popular.

Leia Também: Estudantes do Bangladesh regressam à universidade após protestos

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