Rússia? "Homem mais forte esconde-se atrás de raparigas que raptou"

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha frisou que "estima-se que mais de 20 mil crianças tenham sido deportadas" da Ucrânia para a Rússia, desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.

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© Michael Kappeler/picture alliance via Getty Images

Márcia Guímaro Rodrigues
25/09/2024 23:21 ‧ 25/09/2024 por Márcia Guímaro Rodrigues

Mundo

Annalena Baerbock

A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, teceu duras críticas ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante o seu discurso no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira, acusando-o de se "esconder atrás das raparigas adolescentes que raptou".

 

Em causa está o facto de o presidente russo ser alvo de um mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por alegados crimes de guerra na Ucrânia, incluindo a deportação de crianças das regiões ucranianas ocupadas por Moscovo na sequência da invasão iniciada em fevereiro de 2022. 

"943 dias de sofrimento. 943 dias em que as mulheres foram violadas em Bucha, 943 dias em que as pessoas foram torturadas no leste da Ucrânia. 943 dias em que crianças foram deportadas", afirmou Baerbock, acrescentando que "estima-se que mais de 20 mil crianças tenham sido deportadas"

A ministra acrescentou que teve a "oportunidade de falar com uma das muito poucas raparigas adolescentes que puderam regressar à Ucrânia", que lhe pediu "entre lágrimas" para não desistir. "Por favor, promete-me uma coisa. Não vais parar. Não ficarão em silêncio até que todas as outras raparigas, todos os outros rapazes, as crianças pequenas, tenham sido devolvidas", pediu a jovem. 

Baerbock sublinhou que a Alemanha "foi responsável pelos piores crimes do continente europeu", mas tem atualmente a "sorte de voltar a viver em paz". "Hoje, há quem nos pergunte se não seria útil acabar com a guerra se não apoiássemos a autodefesa da Ucrânia. Se simplesmente ignorássemos o que está a acontecer. Não podemos fazer isso porque o compromisso do meu país é o de defender sempre os princípios das Nações Unidas", atirou. 

E deixou uma mensagem ao embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya: "Podem enganar-se a vocês próprios. O homem mais forte do vosso país pode esconder-se atrás das raparigas adolescentes que raptou. Mas não podem enganar o mundo. Não precisamos de passar por 943 dias de atrocidades para ver isto".

Sublinhe-se que o Kremlin sempre rejeitou firmemente as acusações do TPI contra o presidente russo e contra Maria Lvova-Belova, comissária para os direitos da criança, devido à deportação de crianças das regiões ucranianas ocupadas por Moscovo.

No entanto, Putin teve o cuidado de, durante quase um ano e meio, evitar viajar para o estrangeiro, por exemplo, faltando à cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na África do Sul, em agosto de 2023, e depois à cimeira do G20 na Índia, em setembro do mesmo ano.

Por outro lado, visitou a China em maio, a Coreia do Norte em junho e o Azerbaijão em meados de agosto, mas nenhum destes países é membro do TPI. 

A primeira visita a um país membro do TPI só aconteceu no final de agosto, quando se dirigiu à Mongólia. No entanto, o país recusou obedecer ao mandado de captura. 

Leia Também: Potência nuclear que apoie ataque à Rússia pode ser "agressora"

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