China e Brasil alertam para ameaças sobre utilização de armas nucleares
China, Brasil e outros países do Sul alertaram hoje para os riscos das ameaças de um potencial uso de armas nucleares, numa declaração conjunta após uma reunião ministerial sobre a Ucrânia realizada à margem da Assembleia-Geral da ONU.
© Contributor/Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
"Apelamos à abstenção do uso e da ameaça (de uso) de armas de destruição maciça, em particular armas nucleares, químicas e biológicas", defenderam os países signatários da declaração.
O apelo surge poucos dias depois do Presidente russo, Vladimir Putin, ter ameaçado recorrer a armas nucleares caso ocorra um "lançamento massivo" de ataques aéreos contra a Rússia.
Em declarações feitas na quarta-feira, Putin informou que as propostas para "clarificar" a doutrina de Moscovo sobre o uso de armas nucleares incluem considerar como agressor do país qualquer potência nuclear que apoie um ataque de um país terceiro.
"Foi proposto considerar a agressão contra a Rússia por um país não nuclear, mas com a participação ou apoio de um país nuclear, como um ataque conjunto contra a Federação Russa", afirmou na ocasião o chefe de Estado russo, numa clara referência à Ucrânia, que tem pedido autorização aos Estados Unidos e a outros países ocidentais para usar mísseis fornecidos por estes em ataques contra território russo.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Na declaração conjunta adotada hoje no final de uma reunião em que participaram os ministros dos Negócios Estrangeiros chinês e brasileiro, os 12 países signatários manifestam ainda a sua "profunda preocupação" relativamente a um risco de escalada na Ucrânia.
"As infraestruturas civis, incluindo as instalações nucleares pacíficas e outras instalações energéticas, não devem ser alvo de operações militares", acrescentam os signatários.
Na quarta-feira, na ONU, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de querer atacar as centrais nucleares ucranianas para provocar uma "catástrofe".
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.
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