O chefe da diplomacia húngara participou hoje no Fórum Internacional do Gás na cidade russa de São Petersburgo, um dia depois de a presidente da Comissão Europeia (UE), Ursula von der Leyen, ter criticado o seu Governo por não se afastar das fontes de energia russas, na sequência da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
No mesmo fórum, a empresa de gás russa Gazprom e as autoridades húngaras assinaram hoje um memorando de entendimento que inclui a possibilidade de aumentar o fornecimento de gás russo ao país europeu.
"Existe uma pressão política [do Ocidente]. Mas a nossa tarefa não é ter em conta essa pressão, mas sim garantir o abastecimento", disse Szijjártó ao fórum, segundo um comunicado do seu ministério.
O Governo húngaro, chefiado pelo ultranacionalista Viktor Orbán, é considerado o aliado mais próximo do Kremlin (presidência russa) na UE.
Szijjártó sublinhou que o seu país não pode passar sem o gás que compra à empresa de gás russa Gazprom, razão pela qual o acordo de 15 anos que assinou em 2021 com a empresa continua em vigor.
Segundo o ministro, a Hungria importará um total de 6,7 mil milhões de toneladas de gás russo este ano.
"Até agora, não recebemos uma proposta melhor do que a dos nossos parceiros russos. Ninguém apresentou uma fonte mais barata ou mais fiável. A minha pergunta é: porque é que havemos de mudar?", questionou.
Por outro lado, o ministro húngaro afirmou que a suspensão do trânsito de gás russo através do território ucraniano, que Kyiv anunciou impor a 01 de janeiro, não afetará o abastecimento do seu país, graças ao facto de esta rota ser substituída pelo gasoduto Turkish Stream, que atravessa a Turquia e os países dos Balcãs.
Informou também que a empresa de energia magiar MVM e a Gazprom assinaram hoje um acordo sobre o preço do gás a pagar por Budapeste, sem dar mais pormenores.
A Hungria, que exerce atualmente a presidência semestral do Conselho da União Europeia (UE), importa mais de 60% do seu gás e 85% do seu petróleo da Rússia.
Além disso, a Ucrânia suspendeu o fornecimento de petróleo russo à Hungria, um país que se opõe à concessão de ajuda financeira a Kyiv e cujo primeiro-ministro, Victor Orbán, se reuniu em julho passado em Moscovo com o Presidente russo, Vladimir Putin, apesar das críticas da UE.
Orbán foi duramente criticado por uma maioria de eurodeputados, incluindo Ursula von der Leyen, quando discursou na primeira sessão plenária da presidência húngara no Parlamento Europeu, na quarta-feira.
Entre outras coisas, a líder da Comissão Europeia criticou Budapeste por não ter feito esforços, como outros parceiros, para reduzir a sua dependência energética da Rússia, "um fornecedor pouco fiável", bem como por facilitar a entrada de indivíduos russos na UE.
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