"Os soldados italianos são intocáveis. Não abandonaremos as nossas posições, até porque se trata de uma decisão que cabe exclusivamente às Nações Unidas", afirmou o vice-primeiro-ministro e chefe da diplomacia, Antonio Tajani.
O também líder do partido de centro-direita Forza Italia reagia ao pedido de retirada da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) feito no domingo pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
Os capacetes azuis que estão no Líbano, uma força de paz formada em 1978, é atualmente liderada por Espanha e integra mais de mil militares italianos.
As instalações da força da ONU foram alvo de ataques das forças armadas israelitas nos últimos dias, que provocaram alguns feridos, com Telavive a dizer que estão a funcionar como escudo da milícia libanesa Hezbollah.
"Reiterámos que o que aconteceu [ataques israelitas] é inaceitável. Não fugimos de lugares onde há dificuldades", disse Tajani em Berlim, após uma reunião sobre os Balcãs, citado pela agência italiana ANSA.
"Os nossos soldados sempre cumpriram o seu dever, não são terroristas do Hezbollah", afirmou.
Tajani disse que as atuais regras de empenhamento da FINUL não permitem à força desarmar o Hezbollah.
Questionado sobre uma possível modificação nesse sentido das regras de empenhamento da FINUL, Tajani remeteu qualquer decisão para a ONU.
Os soldados da ONU "nem sequer dispõem do armamento adequado para impor decisões deste tipo", referiu, insistindo: "São as Nações Unidas que devem escolher".
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, cujo país comanda atualmente a FINUL, também assegurou hoje que os militares das Nações Unidas, incluindo mais de 600 espanhóis, não vão sair do Líbano.
Sánchez condenou igualmente o pedido feito por Netanyahu e pediu à comunidade internacional para "blindar o seu apoio" à ONU e agir com determinação contra o Governo israelita.
Israel invadiu o Líbano, um ano depois de ter feito o mesmo na Faixa de Gaza.
A incursão militar israelita em Gaza, iniciada em outubro de 2023, teve como objetivo debelar as forças do movimento radical Hamas e foi uma resposta a um ataque deste grupo.
No Líbano, a incursão é justificada com a necessidade de diminuir as capacidades militares do Hezbollah, grupo miliciano apoiado pelo Irão.
Tal como aconteceu com Gaza, Israel está a ser criticado pela resposta, considerada desproporcionada, e pelos bombardeamentos em áreas com grande densidade populacional, como Beirute, capital do Líbano.
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