"Continuamos a apoiar Israel, mas não as mortes de tantas pessoas, tantos danos colaterais. Há quem diga que os israelitas estão a tomar grandes precauções. Bem, claramente, não é suficiente", lamentou Pelosi, manifestando-se "muito desiludida" durante um evento organizado hoje pelo centro de estudos britânico Chatham House, em Londres.
Mesmo considerando "horrível" a morte de cerca de 1.200 pessoas e a tomada de 250 reféns pelo grupo islamita palestiniano Hamas durante o ataque de 07 de outubro de 2023, a dirigente democrata norte-americana defendeu que a "reação com os danos colaterais aos civis em Gaza é uma tragédia muito triste".
A retaliação de Israel matou mais de 42.000 palestinianos, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas.
A presidente emérita da Câmara dos Representantes norte-americana (câmara baixa do Congresso) reiterou que defende, juntamente com o Presidente Joe Biden, "uma solução de dois Estados onde os povos destes países possam viver em paz", mas não acredita que tal seja possível enquanto Benjamin Netanyahu continuar como primeiro-ministro.
"Não com Netanyahu. Não, acho que ele nunca acreditou na paz ou numa solução de dois Estados", afirmou.
Pelosi entende que a situação "não pode continuar assim" e sugeriu que o próximo Presidente dos EUA, "com amizade a Israel, com respeito por todas as partes envolvidas, tem de ser muito claro quanto à perda de vidas".
Sobre as eleições presidenciais nos EUA em 05 de novembro, Nancy Pelosi admite que vão ser renhidas entre os dois candidatos, a Democrata Kamala Harris e o Republicano Donald Trump.
A dirigente democrata antecipa uma grande participação, com destaque para as mulheres.
"A afluência vai ser tremenda. Agora, mais uma vez, está tudo renhido porque vamos ganhar o voto popular. Não há dúvidas quanto a isso. A questão é: no Nevada, no Arizona, na Geórgia, na Pensilvânia, no Michigan e no Wisconsin, será que ganhamos o suficiente nesses estados para ganhar o colégio eleitoral?", questionou.
Elogiando o legado de Joe Biden, Pelosi enalteceu Harris como sendo alguém "que se preocupa com as pessoas", que "conhece a política, conhece a estratégia, é eloquente na apresentação, é forte e, politicamente, é muito astuta".
Defensora que os candidatos devem ser julgados pelo respetivo mérito, mostrou-se "contente por ela não se estar a apresentar e a dizer que deveria ganhar por ser mulher".
"Será a cereja em cima do bolo quando ela ganhar, será tão fabuloso e tão maravilhoso. Mas não é essa a questão. A questão é que ela é a melhor pessoa para o cargo. Acontece que ela é uma mulher e acontece que ela é uma mulher de cor. Mas essa não é a razão para votar nela. O voto nela é o que significa, na vida das pessoas, votar num democrata ou num republicano nestas eleições", enfatizou.
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