As autoridades do Movimento Popular de Libertação do Sudão-Norte (SPLM-N), um importante grupo armado que tem o seu reduto nesta cadeia de montanhas no Estado do Cordofão do Sul e que está envolvido na guerra ao lado dos paramilitares, afirmaram também que mais de 52.000 pessoas estão a enfrentar uma crise de subnutrição tanto no Cordofão do Sul como no estado vizinho do Nilo Azul, onde o SPLM-N também tem uma presença significativa.
A situação sanitária "está a deteriorar-se rapidamente", alertou o primeiro secretário da Autoridade Civil do SPLM-N no Estado, Arno Ngutulu Lodi.
"Continuamos a assistir ao aumento dos casos de subnutrição e, tragicamente, o número de mortos está a aumentar em consequência disso", disse ao jornal Sudan Tribune.
A região de New Fung, no Nilo Azul, é particularmente afetada. Nesta região, as autoridades confirmaram pelo menos 404 mortes e 1223 casos de subnutrição particularmente grave, e um total de cinco milhões de pessoas afetadas, ou seja, 4,4 milhões de habitantes, aos quais se juntam mais 770.000 deslocados pela guerra, meio milhão dos quais em New Fung.
A guerra devastou o sistema de saúde do país, com alimentos e medicamentos para travar a onda de doenças que se espalha por todo o país, chegando aos poucos da zona de desembarque de Porto Sudão.
A este respeito, na passada quarta-feira, o Comité de Direção do Sindicato dos Médicos sudaneses apresentou uma estimativa de mortes por dengue só na cidade de Omdurman muito superior à apresentada pelas autoridades sanitárias sudanesas para todo o país.
Em comparação com a estimativa de apenas nove mortes a nível nacional, apresentada esta semana pelo Ministério da Saúde sudanês, que faz parte do exército, este comité de médicos locais afirma que, na realidade, mais de 250 pessoas morreram em Omdurman, a terceira maior cidade do país, e que mais de 7.600 pessoas foram infetadas.
A guerra no Sudão eclodiu em abril de 2023 devido a divergências entre o exército e os paramilitares sobre a inclusão destes últimos no poder que emergiu após o golpe de Estado de 2021 naquele país, que pôs fim à tentativa de democratização do Estado após o derrube do antigo Presidente Omar al-Bashir, em 2019.
O conflito causou cerca de 20 mil mortos, 33 mil feridos, 7,9 milhões de deslocados internos e 2,1 milhões de refugiados noutros países, segundo as Nações Unidas.
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