"A pressão firme dos EUA é provavelmente o único fator que pode levar o primeiro-ministro Netanyahu (israelita) a reconsiderar a sua abordagem" e Washington não deve esperar "para ver se a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, abre uma janela para acabar com a guerra em Gaza", porque as "admoestações, por si só, não serão suficientes" para fazer Telavive recuar, refere o Crisis Group.
Na sua declaração, a ONG considera que independentemente de a morte líder do Hamas, a 17 de outubro, "abrir ou não uma janela de oportunidade para acabar com a guerra na Faixa de Gaza, a população sitiada não pode dar-se ao luxo de esperar para saber".
Um ano depois de os ataques liderados pelo Hamas terem matado 1200 pessoas em Israel e feito 250 reféns, Israel lançou a sua maior ofensiva terrestre de sempre no norte de Gaza, com "objetivos declarados", que incluem "a supressão dos militantes do Hamas e das autoridades civis, que se reagruparam desde a última vez que Israel invadiu o norte da Faixa de Gaza, a fim de abrir caminho a um governo alternativo".
"As táticas de Israel durante a campanha, juntamente com as declarações feitas por alguns funcionários, sugerem que o governo poderá tentar obter um resultado que ultrapasse os objetivos declarados publicamente", acusa o Crisis Group.
Hoje, com "a atenção do mundo parcialmente desviada pela guerra no Líbano e pelo espetro de uma nova guerra no Irão, e com as eleições presidenciais nos EUA a poucas semanas de distância, Israel expandiu a sua campanha em Gaza com menos escrutínio" e as "medidas que está a tomar ameaçam alterar para sempre a paisagem demográfica, despovoando partes do norte à medida que o exército estabelece um tampão à volta da periferia de Gaza", considera a ONG.
Por isso, é tempo de Washington atuar, defende o Crisis Group. "À medida que os EUA se esforçam por negociar o cessar-fogo e a libertação dos reféns, o melhor caminho para um desanuviamento a longo prazo em Gaza, devem também pressionar Israel a dar prioridade à proteção da população civil de Gaza", refere.
Nesta última fase militar e "apesar de ter diminuído significativamente as capacidades militares do Hamas, Israel continua num impasse estratégico", porque as "brigadas armadas e as estruturas administrativas locais têm demonstrado resistência, repondo as suas fileiras e ressurgindo na sequência das retiradas israelitas".
Na sequência disso, a 01 de outubro, ao mesmo tempo que fechou "instalações de cuidados de saúde" e aprovou "medidas que praticamente impedem a entrada de alimentos, água, combustível ou material médico no norte" da Faixa de Gaza, "o exército começou a dar ordens" aos 400 mil habitantes da região, "para se deslocarem para uma 'zona humanitária' designada no sul", em al-Mawasi um pequeno território de oito quilómetros quadrados desabitado antes da guerra, acusa a ONG.
A situação, considera o Crisis Goup, indicia que os israelitas se preparam para uma operação longa, "destinada a esvaziar o norte dos seus habitantes e a fazer o Hamas e quem restasse passar fome até à submissão".
Por outro lado, "o Hamas apelou à população para que não acatasse as ordens israelitas" e assim "tornou-se impossível circular no norte de Gaza, quanto mais sair".
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