Caso Pelicot. Um dos acusados aceitou convite para "agradar" a Dominique

Os acusados têm entre 26 e 74 anos e enfrentam penas de prisão que podem chegar aos 20 anos. 

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© BENOIT PEYRUCQ/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
23/10/2024 15:19 ‧ 23/10/2024 por Notícias ao Minuto

Mundo

França

Estão a ser julgados 51 homens pelos alegados ataques à francesa Gisèle Pelicot, de 71 anos, que foi drogada e violada, enquanto estava inconsciente, entre 2011 e 2020.

 

Os homens eram recrutados pelo até então marido Dominique Pelicot, através de um contacto no fórum de conversação 'Coco', que já esteve envolvido noutros casos de abusos sexuais, pedofilia, homicídios e ataques homofóbicos.

Com recurso a um pseudónimo, Dominique, através de um chat chamado "à son insu" – que significa, em português, "sem o conhecimento dela", convidava vários homens a irem a sua casa, na cidade de Mazan.

Chat para mortes e abusos. Como funcionava Coco, o site do caso Pelicot?

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O fórum anónimo e sem restrições foi fechado no início deste ano, mas serviu de plataforma de conversação ilícita para homicídios, abusos sexuais, pedofilia e ataques homofóbicos.

Notícias ao Minuto | 15:44 - 14/10/2024

No decorrer da investigação foram identificados mais de 70 suspeitos, dos quais 50 foram acusados de violação agravada, incluindo o até então marido, Dominique Pelicot.

Ao longo de quase dois meses de testemunhos, em tribunal já foram ouvidas dezenas de suspeitos. No entanto, a maioria negou ter violado a mulher, e alguns destes disseram que achavam que a francesa estaria a dormir ou a jogar um jogo, ou referiram que o consentimento dado pelo marido dela era suficiente.

Os acusados têm entre 26 e 74 anos e enfrentam penas de prisão que podem chegar aos 20 anos.

Tudo o que sabe sobre o caso

Tudo o que sabe sobre o caso "imperdoável" da "forte" Gisèle Pelicot

Gisèle Pelicot, a francesa que durante anos foi drogada pelo então marido para que pudesse ser violada por dezenas de homens enquanto estava inconsciente, tornou-se no símbolo da luta contra a violência sexual em França.

Lusa | 23:37 - 14/09/2024

Segundo o The Guardian, 29 dos suspeitos já deram o seu testemunho em tribunal e as suas identidades foram, agora, reveladas. 

Entre os acusados estão homens com profissões que vão desde um talhante, um funcionário de um supermercado, um ex-bombeiro que trabalhou como motorista de camião e depois foi dono de uma pizzaria, um soldado do exército francês e outros dois que tinham exercido as mesmas funções. 

A lista de suspeitos inclui ainda um ladrilhador, um homem que deixou o seu trabalho em regime de part-time para cuidar do seu filho deficiente, um ex-padeiro que após 25 anos a exercer funções teve de deixar a função por uma intolerância ao trigo, um trabalhador agrícola desempregado, um construtor e um ex-construtor alcoólico, um especialista em refrigeração, um antigo funcionário de uma mercearia, um ex-gerente da área da construção civil, dois carpinteiros, sendo que um destes já não trabalhava na área, um homem que tinha trabalhado como enfermeiro anestesista e que se encontrava a exercer funções como enfermeiro comunitário, e que, em tribunal, afirmou que acreditava que Gisèle Pelicot estava sedada e que estava a fingir estar inconsciente.

Para além destes, foram ainda ouvidos um homem que tinha trabalhado como funcionário numa fábrica e era proprietário de videoclube, quatro camionistas, sendo que um deles já não exercia, um especialista em informática, um ex-funcionário de uma discoteca, um canalizador que era um anterior campeão de boxe, um desempregado e um funcionário do setor dos transportes.

Os testemunhos da maioria destes acusados apontam para um passado relacionado com abusos sexuais, maus tratos e casos de violação. 

Um dos suspeitos tem 16 condenações anteriores, desde assalto à mão armada e tráfico de drogas até violência doméstica e agressão sexual de menor, enquanto que outros dois destes homens estão acusados de ter em sua posse imagens de abuso infantil.

Na lista de acusados de violar Gisèle Pelicot está um homem que foi condenado, em 1999, a cinco anos de prisão por violar a filha de 17 anos e, por sua vez, outro dos arguidos está a cumprir uma pena de prisão de 14 anos após ter sido acusado da violação de três mulheres com quem esteve envolvido. Para além destes homens, outros suspeitos têm condenações por violência, incluindo doméstica.

Outros dois arguidos declararam em tribunal que eram homossexuais e teriam aceitado ir a casa dos Pelicot para um encontro com Dominique. Um dos acusados declarou-se culpado em tribunal e afirmou que teria violado a francesa "relutantemente" para "agradar" ao marido desta, enquanto que o outro homem negou a acusação e disse que estava apenas a seguir instruções de Dominique.

Os abusos foram descobertos em setembro de 2020 após a polícia francesa ter detido Dominique Pelicot por ter tentado filmar três mulheres debaixo das saias.

O julgamento do caso deve prolongar-se até ao dia 20 de dezembro.

Leia Também: Gisèle Pelicot falou em tribunal. "Não cabe a nós ter vergonha, é a eles"

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