"A atratividade da cooperação no quadro dos BRICS está no facto de ninguém colocar o dilema de 'estou com este ou com aquele'. É uma condição que se gosta de impor na NATO e na União Europeia: ou se está com a Rússia e com os BRICS, ou se está com a NATO", disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, em declarações à televisão pública russa.
O representante da Presidência russa salientou que "nos BRICS ninguém diz algo do género, o que torna esta organização mais atrativa".
Peskov deu como exemplo o interesse da Turquia, país membro da NATO, em aderir aos BRICS, sublinhando que do ponto de vista dos membros do grupo e das suas principais abordagens, não há objeções a este respeito.
Espera-se que o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que na terça-feira prometeu "cooperação sincera" com o grupo, participe na cimeira de Kazan.
"Os países do grupo BRICS, dos quais uma parte significativa são membros do G20, como a Turquia, cobrem 30% da superfície terrestre e 45% da sua população; produzem 40% do petróleo mundial, 25% do valor das exportações e dois quintos do comércio global", declarou na terça-feira o Presidente turco.
Já o secretário-geral da NATO, o holandês Mark Rutte, destacou na terça-feira a importância da Turquia como membro da Aliança Atlântica, apesar da vontade de Ancara em aproximar-se dos BRICS.
"Sabemos que a Turquia também está a trabalhar para ou com alguns dos membros dos BRICS, tem o direito soberano de o fazer. Esta situação pode dar origem a debates, de vez em quando, bilateralmente ou dentro da NATO", disse Rutte.
O responsável da NATO reconheceu, entretanto, que "obviamente, dentro da aliança, sendo uma democracia de 32 países, haverá sempre debates sobre isto e aquilo".
A cimeira dos BRICS, que teve início na terça-feira e irá prolongar-se até quinta-feira, está a ser realizada na cidade russa de Kazan, reunindo representantes do Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Etiópia, Irão, Egito e Emirados Árabes Unidos.
Leia Também: UE pede aos BRICS que exortem Putin a parar guerra