"A cem metros, a duzentos metros da fronteira [israelo-libanesa], encontrámos túneis que preparavam uma invasão de Israel, um ataque ainda maior do que o de 07 de outubro, com jipes, com motorizadas, com 'rockets', mísseis", afirmou Netanyahu, entrevistado pelo canal de notícias francês Cnews e pela rádio Europe 1.
Em meados de outubro, após a intensificação das operações militares de Israel e invasão terrestre do Líbano, o chefe do Governo tinha dito ao diário francês Le Figaro que "uma quantidade de armas russas de última geração" tinha sido encontrada pelo Exército em esconderijos do grupo armado apoiado pelo Irão no sul do país.
Após quase um ano de trocas de tiros com o Hezbollah na fronteira com o Líbano, Israel iniciou, no dia 23 de setembro, uma intensa campanha de ataques aéreos contra os bastiões da organização xiita e, logo a seguir, uma ofensiva terrestre no sul.
Israel alega que quer afastar o Hezbollah da sua fronteira e pôr fim aos seus ataques com 'rockets', de forma a permitir o regresso de cerca de 60 mil habitantes deslocados do norte do território.
O Hezbollah argumenta por sua vez que está a a agir em apoio do Hamas e abriu uma frente contra Israel em 08 de outubro de 2023, um dia após o ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em solo israelita, onde matou mais de 1.200 pessoas, sobretudo civis, e levou outras 250 como reféns.
Em, retaliação, Israel desencadeou uma grande operação na Faixa de Gaza, deixando mais de 42 mil mortos, também na maioria civis, segundo números do governo local controlado pelo Hamas.
À semelhança dos últimos dias, as hostilidades prosseguiram hoje com o Hezbollah a anunciar que visou uma base militar israelita a sul de Haifa, a principal cidade do norte do país.
Em comunicado, o movimento xiita afirmou que os seus combatentes realizaram um ataque aéreo com "um esquadrão de 'drones' explosivos na base de Tirat Carmel", no terceiro ataque reivindicado pelo Hezbollah em Haifa e na sua região em menos de 24 horas.
As sirenes de alerta voltaram depois a soar no centro de Israel após "disparos de projéteis do Líbano", anunciou o Exército israelita em comunicado.
Enquanto o grupo armado libanês advertia que as forças israelitas não conseguiram tomar nenhuma localidade no Líbano e que repeliu hoje uma tentativa de infiltração perto de Aitaroun, no sul do país, os arredores de Beirute voltaram a ser bombardeados.
A agência de notícias estatal libanesa deu conta de ataques israelitas nos subúrbios sul de Beirute, um bastião do Hezbollah, um dos quais contra um apartamento no distrito de Jnah.
"Um drone inimigo teve como alvo um apartamento em Jnah, perto da antiga localização da embaixada iraniana", segundo a agência noticiosa, relatando outros ataques nos bairros de Ouzai e Haret Hreik.
As autoridades libanesas informaram hoje que mais 28 pessoas morreram e outras 139 ficaram feridas em bombardeamentos levados a cabo pelas forças israelitas durante o último dia, o que eleva o número total de mortos para 2.574 desde outubro de 2023, a maioria nas passadas quatro semanas.
O Ministério da Saúde Pública indicou que nas últimas 24 horas ocorreram pelo menos 74 ataques aéreos contra diferentes áreas do país, a maioria dos quais no sul, registando-se mais de 11 mil bombardeamentos em pouco mais de um ano.
A ofensiva israelita deixou ainda mais de 1,2 milhões de deslocados, segundo as autoridades de Beirute, e cerca de 334.800 cidadãos sírios e outros 150.100 libaneses fugiram da violência no Líbano para a Síria.
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