O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, recusou, esta quarta-feira, o envolvimento de tropas da Coreia do Norte na Ucrânia, referindo que, a confirma-se, "seria um passo para uma escalada do conflito".
Estas declarações foram prestadas pelo líder bielorrusso à BBC, à margem da cimeiras dos BRICS, em Kazan, na Rússia.
Confrontado com as alegações de que a Coreia do Norte terá enviado tropas para combater ao lado da Rússia na Ucrânia, atirou: "Que disparate".
"Conhecendo o seu caráter, Putin nunca tentaria persuadir outro país a envolver o seu exército na operação especial da Rússia na Ucrânia", acrescentou.
A confirmar-se, admitiu: "Seria um passo para a escalada do conflito se as forças armadas de qualquer país, mesmo da Bielorrússia, estivessem na linha de contacto".
"Mesmo que nos envolvêssemos na guerra, isso seria um caminho para a escalada. Porquê? Porque vocês, os anglo-saxónicos, diriam imediatamente que outro país se tinha envolvido de um lado... e as tropas da NATO seriam enviadas para a Ucrânia", notou.
Interrogado sobre se, alguma vez, Putin lhe pediu para fornecer tropas bielorrussas para a guerra, negou.
"Nunca. Nem ele, nem o [antigo ministro da Defesa] Sergei Shoigu, nem o atual ministro da Defesa Andrei Belousov alguma vez levantaram essa questão", lamentou.
É de notar que a NATO indicou hoje que os seus países-membros têm provas sobre o envio de tropas norte-coreanas para a Rússia, admitindo o risco de uma escalada da guerra na Ucrânia apoiada por vários aliados de Moscovo.
Nos últimos dias, a NATO havia evitado confirmar informações dos serviços secretos da Ucrânia e da Coreia do Sul que indicam o apoio de Pyongyang a Moscovo através do envio de um contingente de milhares de militares que estariam a ser preparados para integrar o exército russo.
Também o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, anunciou hoje haver provas do envio de tropas norte-coreanas para a Rússia, enquanto o líder dos serviços secretos da Coreia do Sul avançou que 3.000 soldados norte-coreanos estão a receber formação sobre drones e outros equipamentos antes de serem enviados para a Ucrânia.
Num vídeo publicado pelo Washington Post, Austin considerou ainda que se os militares se juntarem à guerra na Ucrânia do lado da Rússia será "uma questão muito, muito séria" e que haverá impactos na Europa e na região do Indo-Pacífico.
A Rússia e a Coreia do Norte negaram os movimentos de tropas. Recorde-se que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.
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