"De acordo com os nossos serviços de informação, nos dias 27 e 28 de outubro, a Rússia vai utilizar os primeiros militares norte-coreanos em zonas de combate", afirmou o chefe de Estado, na rede de mensagens Telegram.
Zelensky considerou que o iminente envio de soldados norte-coreanos para a linha da frente constitui uma "escalada óbvia" por parte da Rússia.
"O mundo tem de ver claramente o que a Rússia realmente quer, que é a continuação da guerra", segundo o responsável, que apelou ainda a "uma reação forte" da comunidade internacional.
"A consumação da entrada da Coreia do Norte em ações de combate não deve ser encarada de olhos fechados e comentários vagos, mas com uma pressão tangível sobre Moscovo e Pyongyang para que respeitem a Carta das Nações Unidas e punam esta escalada", defendeu Zelenski.
Tanto os Estados Unidos como a Coreia do Sul indicaram que cerca de 3.000 soldados norte-coreanos já estão a treinar na Rússia para entrar na guerra integrados nas fileiras de Moscovo.
De acordo com os serviços secretos de Seul, a Coreia do Norte decidiu contribuir com até 12.000 homens para o esforço de guerra russo, que se iniciou em fevereiro de 2022 com a invasão da Ucrânia.
Há dois dias a NATO indicou que os seus países-membros dispunham de provas sobre o envio de tropas norte-coreanas para a Rússia, admitindo o risco de uma escalada da guerra na Ucrânia apoiada por vários aliados de Moscovo.
Fontes ucranianas dizem ter conhecimento de movimentos de soldados norte-coreanos do Extremo Oriente russo, onde alegadamente começaram a treinar, para o oeste da Rússia, de onde se juntariam às tropas do Kremlin que lutam contra a Ucrânia.
Segundo fontes de Kyiv, a zona russa de Kursk -- que é controlada em parte pelas tropas ucranianas - é o destino escolhido para o primeiro contingente norte-coreano a juntar-se ao exército russo.
Na quinta-feira, autoridades militares de Kyiv indicavam que as primeiras unidades de soldados norte-coreanos já teriam chegado à zona de combates na região russa de Kursk.
"As primeiras unidades do exército norte-coreano, que foram treinadas em campos de treino no leste da Rússia, já chegaram à zona de combate" entre a Ucrânia e a Rússia, indicaram os serviços de inteligência militar ucranianos (GUR) num comunicado de imprensa.
Uma informação que surgiu no mesmo dia em que os deputados russos votaram, por unanimidade, a ratificação do "tratado de parceria estratégica abrangente" com a Coreia do Norte, que prevê a assistência mútua em caso de agressão armada por parte de um terceiro país.
Vladimir Putin defendeu na quinta-feira que o seu país e a Coreia do Norte decidirão os moldes do acordo de assistência militar, sem desmentir informações sobre a presença de soldados norte-coreanos na Rússia.
"O que e como o fazemos ao abrigo deste artigo é da nossa conta", disse Putin, referindo-se ao artigo 4.º sobre a assistência militar mútua em caso agressão, consagrado no Tratado de Parceria Estratégica Global, assinado com a Coreia do Norte em junho e ratificado hoje por Moscovo.
O Presidente russo evitou responder diretamente, mas não negou o envio de soldados norte-coreanos para o país.
Os norte-coreanos têm negado ter fornecido à Rússia novas forças para o seu ataque à Ucrânia, com um representante de Pyongyang na ONU a chamar-lhe um "rumor infundado".
Nos últimos meses, Pyongyang já tinha sido acusado pelo Ocidente de fornecer bombas e mísseis ao exército russo.
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