"A Geórgia é um Estado conservador, cristão e europeísta. Em vez de sermões inúteis, precisam do nosso apoio no seu caminho europeu", escreveu Orbán na rede social X (antigo Twitter) à sua chegada ao país, que realizou eleições legislativas no sábado.
Orbán acompanhou a breve mensagem com uma fotografia da sua chegada ao aeroporto de Tbilissi, onde foi recebido pelo vice-primeiro-ministro, Leván Davitashvili, e por uma guarda de honra.
O líder húngaro, que chegou ao país pouco antes do início de um protesto em massa da oposição, que denuncia uma fraude eleitoral, vai reunir-se na terça-feira com o primeiro-ministro georgiano, Irakli Kobajidze, líder do partido no poder, Sonho Georgiano.
A UE sublinhou que Orbán, cujo país detém a presidência rotativa da UE até ao final do ano, não recebeu qualquer mandato do Conselho Europeu para a sua visita ao país do Cáucaso.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, afirmou hoje em Barcelona que "independentemente do que [Orbán] diga, não representa a UE".
Orbán deslocou-se a Tbilisi "certamente para dar e mostrar o seu apoio ao Governo georgiano, com o qual tem uma relação muito próxima", afirmou em declarações à Radio Nacional de Espanha (RNE).
"Nem o presidente em exercício da União, nem o presidente do Conselho, nem o presidente da Comissão têm quaisquer poderes em matéria de política externa. Outra coisa é se o quiserem ter", sublinhou.
O líder húngaro já tinha desagradado bastante Bruxelas quando iniciou a presidência da UE com uma visita à Rússia, no início de julho.
Orbán felicitou Kobajidze no sábado pela sua "vitória esmagadora" nas eleições legislativas, ainda antes de serem conhecidos os resultados oficiais, que não foram reconhecidos pela oposição georgiana.
Por outro lado, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, instou no domingo as autoridades georgianas a investigarem "seriamente" as "alegadas irregularidades" detetadas durante a votação e anunciou a sua intenção de "colocar a Geórgia na agenda" da cimeira informal de Budapeste, a decorrer a 08 de novembro.
As posições de Michel foram secundadas pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pelo chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, e pela NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Em resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó, acusou a UE de pôr em causa a imparcialidade das eleições na Geórgia.
"Nada de novo sob o sol: as eleições de sábado na Geórgia foram ganhas não por nomeados de Bruxelas e pela corrente liberal, mas pelo partido no poder que defende a soberania, a paz e a família, que defende abertamente os interesses nacionais", disse o ministro, que faz parte da delegação que chegou hoje a Tbilisi.
O partido Sonho Georgiano, com o qual Bruxelas suspendeu as negociações de adesão à UE devido à sua aproximação à Rússia, venceu com 53,92% dos votos, segundo a comissão eleitoral.
A Presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, que está em desacordo com o Governo georgiano há meses, recusou-se a reconhecer os resultados e apelou aos georgianos para que protestassem.
A missão de observação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) destacou a boa organização das eleições, mas denunciou "muitos casos de coação" dos eleitores e "frequentes violações do sigilo do voto", entre outras possíveis irregularidades.
Antes de invadir a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Rússia exigiu garantias de que tanto a Ucrânia como a Geórgia nunca integrariam a UE e a NATO.
Tais exigências foram recusadas pelas duas organizações.
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