"Esta posição não é hostil a ninguém", afirmou o Presidente francês em resposta às críticas da Argélia, que apoia os independentistas sarauís da Frente Polisário num território contestado e administrado por Marrocos desde 1975.
"E também digo aqui com toda a veemência que os nossos operadores e as nossas empresas apoiarão o desenvolvimento destes territórios através de investimentos e de iniciativas sustentáveis e solidárias em benefício das populações locais", acrescentou Macron, que chegou segunda-feira a Rabat para uma visita oficial de três dias.
A antiga colónia espanhola, considerada um "território não autónomo" pela ONU, é há meio século um pomo de discórdia entre Marrocos e a Frente Polisário.
Depois de os Estados Unidos terem reconhecido a soberania marroquina sobre o território, Rabat intensificou a pressão sobre a França para que lhe seguisse o exemplo.
A 30 de julho, Macron, numa carta dirigida ao rei Mohammed VI, considerou que o futuro do Saara Ocidental se situava "no quadro da soberania marroquina", abrindo caminho a uma melhoria nas relações com Rabat e, por extensão, a uma nova crise com Argel.
Este realinhamento da posição francesa abriu caminho a esta visita de Estado, até então sucessivamente adiada.
"A autonomia sob a soberania marroquina é o quadro no qual esta questão deve ser resolvida, e o plano de autonomia de 2007 [proposto por Marrocos] constitui a única base para alcançar uma solução política justa, duradoura e negociada, em conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas', insistiu Macron.
"Enraizada na história, respeitosa das realidades e prometedora para o futuro, é esta a posição que a França vai implementar para apoiar Marrocos nas instâncias internacionais", garantiu o Presidente francês.
Segundo Macron, a posição de Paris "abre uma nova página", incluindo "com todos aqueles que querem atuar num quadro de cooperação regional no Mediterrâneo com os vizinhos de Marrocos e com a União Europeia [UE]".
Além do território em disputa, em que a Polisário exige o cumprimento da resolução da ONU, datada de 1991, em que se defende a realização de um referendo de autodeterminação, Macron falou da necessidade de alcançar "uma estabilidade que respeite todos os povos" na região do Sahel.
A única forma de alcançar a estabilidade é acabar com as rotas de tráfico e de pobreza que, do Golfo da Guiné à Líbia, causam sofrimento nos continentes africano e europeu", acrescentou.
Três países do Sahel, Níger, Mali e Burkina Faso, todos governados por juntas militares, romperam com a França, a antiga potência colonial.
"[A França] foi acusada por alguns de todos os males, muito injustamente, porque durante uma década impediu o colapso de vários Estados face ao terrorismo e aos califados territoriais", lamentou o Presidente francês.
Macron afirmou a sua vontade, "com humildade", de "construir uma nova estratégia de parceria" na região.
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