"Este novo quadro estratégico poderá ser assinado 70 anos depois [da Declaração] de Celle-Saint-Cloud", a 06 de novembro de 1955, durante uma "visita de Estado a França que Sua Majestade aceitou realizar", disse Macron, que chegou segunda-feira a Rabat para uma visita oficial de três dias, no Parlamento marroquino.
Nesse sentido, Macron defendeu que o reforço da atual parceria deveria contar com uma "cooperação natural e fluida" com Marrocos contra a "imigração ilegal" e a "mais resultados" neste domínio
O Presidente francês considerou que a "parceria excecional e reforçada" acordada com Mohammed VI deveria centrar-se, em particular, na "imigração ilegal e na necessidade de uma cooperação natural e fluida em matéria consular".
Macron referia-se à vontade da França de facilitar a Marrocos o regresso dos seus cidadãos que as autoridades francesas decidem expulsar.
"Precisamos ainda de mais resultados", acrescentou, referindo-se também à 'luta contra o tráfico de todos os tipos', em especial o de droga que "exige uma cooperação judiciária muito estreita e ainda mais rápida".
O novo ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, pretende condicionar a política de vistos à emissão de salvo-condutos consulares, documentos essenciais para o regresso dos estrangeiros ao seu país de origem.
A este propósito, Retailleau deverá dar uma conferência de imprensa conjunta ainda hoje à tarde com o homólogo marroquino, Abdelouafi Laftit.
No início deste mês, o ministro francês citou o exemplo de Marrocos para ilustrar a situação: em 2023, foram concedidos 238.000 vistos a cidadãos marroquinos, mas apenas 1.680 foram devolvidos à força ao seu país.
Segundo o ministro, o reino é "um país seguro" onde podemos "acelerar um certo número de readmissões".
Este desejo surge num contexto político delicado em França, onde recentemente ressurgiu um debate sobre a questão das expulsões de imigrantes ilegais, na sequência da detenção, em setembro, de um marroquino suspeito de ter assassinado um estudante e que tinha a obrigação de abandonar o país.
Além da imigração clandestina, Macron defendeu hoje no Parlamento marroquino que é preciso "lançar as bases para a circulação natural das pessoas", para que se possa "fazer muito mais em conjunto", em termos de investigação de projetos e de criação de empresas, "tantas são as oportunidades oferecidas a estes talentos".
"Nos últimos meses, foram tomadas algumas iniciativas positivas, sobretudo no que diz respeito aos antigos alunos marroquinos do ensino superior francês, que recebem agora automaticamente um visto de viagem. Temos de continuar a ir mais longe e eu gostaria de trabalhar com Marrocos numa experiência-piloto neste domínio", acrescentou, sem entrar em mais pormenores.
Macron falou ainda da "paixão comum" dos dois países pelo futebol e manifestou a esperança de que o Campeonato do Mundo de Futebol de 2030 em Marrocos, coorganizado com Portugal e Espanha, seja "um sucesso".
"Espero que a organização do Campeonato do Mundo de Futebol em Marrocos em 2030 seja um sucesso no qual estamos ansiosos por participar. Se há um domínio em que persistimos em nos opor, é apenas o futebol", brincou Emmanuel Macron, referindo-se à vitória da França sobre Marrocos por 2-0 na meia-final do Mundial de 2022, que "permanecerá um dos grandes momentos do Campeonato do Mundo".
O Campeonato do Mundo de Futebol de 2030, que celebrará o seu centenário, terá lugar em Marrocos, Espanha e Portugal. Os primeiros jogos da competição serão disputados na Argentina, no Uruguai e no Paraguai.
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