Pelo menos uma criança por dia morta no Líbano desde invasão israelita
Pelo menos uma criança por dia foi morta no Líbano desde o início da invasão do exército israelita, a 01 de outubro, para combater o grupo xiita Hezbollah, avançou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
© AFP via Getty Images
Mundo UNICEF
Beirute, 31 out 2024 (Lusa) - Pelo menos uma criança por dia foi morta no Líbano desde o início da invasão do exército israelita, a 01 de outubro, para combater o grupo xiita Hezbollah, avançou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Além disso, todos os dias ficam feridas pelo menos 10 crianças, adiantou a organização, em comunicado hoje divulgado, acrescentando que o conflito está a causar "profundas cicatrizes emocionais" aos menores libaneses.
"Milhares de outras crianças que sobreviveram fisicamente a meses de bombardeamentos contínuos estão agora em grave sofrimento psicológico devido à escalada da violência e do caos à sua volta", referiu a diretora executiva da UNICEF, Catherine Russell, no comunicado.
A responsável adiantou que "a atual guerra no Líbano está a perturbar a vida de rapazes e raparigas e, em muitos casos, a infligir graves feridas físicas e profundas cicatrizes emocionais", ao mesmo tempo que o "número devastador" de vítimas "cresce a cada dia" que passa, somando 166 crianças mortas e quase 1.170 feridas desde outubro de 2023, segundo dados do Governo libanês.
"Em todo o Líbano, as crianças mostram sinais alarmantes de sofrimento emocional, comportamental e físico", disse Russell, que detalhou que as equipas da agência têm encontrado crianças "dominadas por um medo avassalador e uma ansiedade crescente", incluindo "ansiedade de separação, medo de perda, isolamento, agressividade e dificuldade de concentração".
Muitos menores "sofrem de distúrbios do sono, pesadelos, dores de cabeça e perda de apetite", especificou.
"Privados da segurança, estabilidade e do apoio que a escola oferece, muitos destes meninos e meninas ficam sem os espaços de que necessitam para brincar, aprender e curar-se", alertou a diretora da UNICEF.
Russell explicou também que o conflito "destrói os ambientes seguros e protetores de que as crianças necessitam" e argumentou que, quando as crianças são forçadas a sofrer estes "períodos prolongados de stress traumático", começam a "enfrentar sérios riscos psicológicos e de saúde" com consequências que podem durar uma vida inteira.
A UNICEF presta apoio psicológico a mais de 9.600 crianças e cuidadores desde 23 de setembro, mas, segundo a diretora, "o processo de cura só pode começar quando a violência parar", pelo que apelou, mais uma vez, a um cessar-fogo.
"As crianças do Líbano precisam de um cessar-fogo permanente e imediato para que possam aceder em segurança aos serviços essenciais e começar a recuperar do trauma da guerra", disse.
"Temos de trabalhar para evitar que mais crianças sejam feridas ou mortas e para proteger o futuro de todas as crianças no Líbano", concluiu.
Cerca de 3.000 pessoas foram mortas no Líbano desde o início do conflito entre Israel e Hezbollah, em outubro de 2023, e sobretudo desde 23 de setembro deste ano, quando se iniciaram os bombardeamentos de Israel contra o sul e o leste do país e Beirute, a capital libanesa.
O Hezbollah iniciou ataques contra o norte de Israel a partir do sul do Líbano em apoio ao Hamas, um dia depois de um ataque do grupo islamita palestiniano em território israelita ter desencadeado uma ofensiva na Faixa de Gaza.
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