Investigações feitas este ano mostram que 77% dos recifes de coral do mundo são afetados pelo branqueamento, principalmente devido ao aquecimento das águas do oceano em consequência das alterações climáticas causadas pelo homem.
É o maior e o quarto branqueamento global em massa de que há registo e está a ter impacto em ambos os hemisférios, segundo o Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF, na sigla original).
As conclusões levaram à convocação de uma sessão especial de emergência da ONU - normalmente convocada para fazer face à escalada de conflitos ou catástrofes naturais - sobre os corais, à margem da cimeira da ONU sobre biodiversidade, a COP16, que está a chegar ao fim após duas semanas em Cali, na Colômbia.
Os recifes de coral são ecossistemas vitais que suportam mais de 25% da vida marinha e quase mil milhões de pessoas, muitas das quais dependem dos recifes para a segurança alimentar, proteção costeira e meios de subsistência, refere o fundo de desenvolvimento da ONU.
Após a sessão de emergência, os governos da Nova Zelândia, Reino Unido, Alemanha e França fizeram novas promessas, totalizando cerca de 30 milhões de dólares, para o fundo da ONU para os recifes de coral criado em 2020.
Até 2030, o fundo procura mobilizar até três mil milhões de dólares em financiamento público e privado para apoiar os esforços de conservação dos recifes de coral. Até agora foram angariados cerca de 225 milhões de dólares.
"A proteção do nosso oceano e dos seus preciosos habitats é fundamental para a vida na Terra", afirmou a ministra para a Natureza do Reino Unido, Mary Creagh. "Mas sem medidas urgentes os recifes de coral do mundo enfrentam a extinção devido ao aquecimento global, à acidificação, às doenças e à poluição; um ecossistema vital perdido durante a nossa vida."
No próximo ano realiza-se em Nice, França, uma conferência das Nações Unidas sobre os oceanos, e os países estão a ser instados antecipadamente a comprometerem-se com o fundo global das Nações Unidas para os recifes de coral, com o objetivo de mobilizar mais 150 milhões de dólares em donativos até à conferência.
"Em 2024, as alterações climáticas e outros impactos humanos desencadearam o quarto evento de branqueamento em massa dos recifes de coral, o mais extenso e devastador de que há registo", afirmou Peter Thomson, Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para o Oceano.
Uma mudança na temperatura da água pode fazer com que o coral expulse as algas que o nutrem, perca a cor e fique stressado. Os corais podem branquear por outras razões, como marés extremamente baixas, poluição ou demasiada luz solar.
No maior ecossistema de recifes de coral do mundo, a Grande Barreira de Coral da Austrália, o branqueamento afetou 90% dos corais avaliados em 2022. O recife de coral da Florida, o terceiro maior, registou um branqueamento significativo no ano passado.
O primeiro branqueamento em massa ocorreu em 1998, o segundo entre 2011 e 2013 e o terceiro em 2016, disse o ecologista marinho queniano David Obura, que dirige a "Coastal Oceans Research and Development" no Oceano Índico, na África Oriental, uma organização não-governamental de investigação.
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