"A recente situação da segurança internacional e a cooperação militar ilegal entre a Coreia do Norte e a Rússia representam uma ameaça significativa para a nossa segurança nacional", afirmou Yoon, citado pela agência sul-coreana Yonhap.
Seul receia que Pyongyang possa receber tecnologia militar da Rússia em troca do destacamento de tropas e, assim, modernizar as suas forças armadas.
Num discurso no parlamento de Seul lido pelo primeiro-ministro, Han Duck-soo, Yoon comprometeu-se a reforçar a segurança e a defesa no contexto do envio de tropas norte-coreanas para a Rússia para apoiar a guerra na Ucrânia.
"Iremos analisar minuciosamente todos os cenários possíveis para preparar contramedidas", afirmou, também citado pela agência espanhola Europa Press.
Yoon disse que Seul reforçou a aliança com os Estados Unidos e a cooperação com o Japão, e referiu que continuará a aumentar a capacidades de defesa e a preparação para eventuais ataques da Coreia do Norte.
Comprometeu-se também a alargar o apoio aos desertores norte-coreanos e a aumentar a sensibilização internacional para as questões dos direitos humanos na Coreia do Norte.
"Trabalharemos para alargar a compreensão e o apoio da comunidade internacional à visão de uma Coreia livre e unificada", afirmou, referindo-se a uma opção descartada pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un.
As duas Coreias estão divididas desde a guerra de 1950-1953.
As autoridades sul-coreanas calculam a Coreia do Norte já enviou 11.000 tropas para a Rússia para serem destacadas para a guerra contra a Ucrânia.
Seul disse que Pyongyang pagava cerca de 2.000 dólares (cerca de 1.850 euros, ao câmbio atual) mensais a cada soldado e que a força estava a ser treinada na Rússia, dadas as diferenças técnicas entre os dois exércitos.
Fontes governamentais admitiram a possibilidade de alguns dos soldados serem destacados para zonas de combate com as forças ucranianas, embora isso não implique necessariamente uma entrada na Ucrânia e possa limitar-se à frente de Kursk, na Rússia.
O discurso lido pelo primeiro-ministro sul-coreano destinou-se a apresentar o orçamento para 2025, no valor de 677,4 biliões de wons (445,2 mil milhões de euros), um aumento de 3,2% em relação ao ano anterior.
Yoon disse que a proposta de orçamento se centra na agenda de reformas do Governo nos setores da saúde, das pensões, do trabalho e da educação, para fazer face aos desafios colocados por uma baixa taxa de natalidade e pelo envelhecimento da população.
Foi a primeira vez em 11 anos que um Presidente em exercício optou por não apresentar pessoalmente o orçamento na Assembleia Nacional, uma decisão criticada pelo líder do parlamento.
"A recusa do Presidente em apresentar o discurso sobre o orçamento é uma violação dos direitos do povo. Na qualidade de líder da Assembleia Nacional, que representa o público, lamento profundamente", afirmou o democrata Woo Won-sik, segundo a Yonhap.
Enquanto os antigos presidentes só faziam o discurso do orçamento no primeiro ano de mandato e delegavam no primeiro-ministro nos anos seguintes, a antiga presidente Park Geun-hye estabeleceu a prática de o fazer anualmente a partir de 2013.
A decisão de Yoon de não proferir o discurso a meio do mandato de cinco anos surge num contexto de agravamento dos conflitos políticos entre o Partido do Poder Popular, no poder, e o Partido Democrático, principal formação da oposição, segundo a Yonghap.
Leia Também: EUA, Coreia do Sul e Japão realizam exercício trilateral