"Esta foi a campanha eleitoral mais antidemocrática desde a independência da Moldova, caracterizada por uma repressão sem precedentes da oposição e dos meios de comunicação social independentes, especialmente de língua russa, pela interferência aberta dos países ocidentais no processo eleitoral e pela utilização em grande escala de recursos administrativos por parte das autoridades", afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, num comunicado.
De acordo com Zakharova, o tratamento dos eleitores moldavos residentes na Rússia por parte de Chisinau "merece uma menção especial".
"Para a diáspora moldava no nosso país, cujo número é estimado em 500.000 pessoas, foram abertas apenas duas assembleias de voto, tal como na primeira volta, enquanto na Europa Ocidental e nos Estados Unidos da América, onde vivem também cerca de 500.000 moldavos, foram instaladas mais de 200 assembleias de voto e em vários países os moldavos foram autorizados a votar por correio", afirmou.
Os resultados da segunda volta das eleições corroboraram "uma profunda divisão na sociedade moldava", afirmou Moscovo.
"Esta polarização foi causada pelas políticas míopes da liderança do país e pela interferência indisfarçável dos países ocidentais nos seus processos políticos internos", refere a nota oficial.
Simultaneamente, Moscovo manifestou expectativa que as autoridades moldavas respeitassem os interesses da maioria dos cidadãos que vivem na própria Moldova e não no estrangeiro.
"Estes eleitores confirmaram que se opõem ao desmantelamento da identidade nacional moldava e ao estatuto de neutralidade consagrado na Constituição e procuram preservar os laços seculares com a Rússia, um amigo fiável do povo moldavo amante da liberdade", conclui o comunicado.
A atual Presidente, Maia Sandu, 52 anos, foi reeleita com 55,33% dos votos, contra 44,67% de Alexandr Stoianoglo, um antigo procurador de 57 anos apoiado pelos socialistas pró-russos.
Sandu deve a reeleição na segunda volta, em grande parte, à forte mobilização da diáspora moldava, ao receber o voto de 270.000 dos 326.000 boletins emitidos no estrangeiro.
O Partido Socialista da República da Moldova, que apoiou Alexandr Stoianoglo nas eleições presidenciais de domingo, contestou os resultados da votação no estrangeiro que deram a vitória a Sandu.
A Moldova está extremamente dividida, com a diáspora e a capital Chisinau, de um lado, predominantemente a favor da integração na UE, e as zonas rurais e duas regiões, a província separatista da Transnístria e a autónoma Gagaúzia, do outro, orientadas para a Rússia.
Com mais de 2,4 milhões de habitantes, a Moldova é considerado um dos países mais pobres da Europa.
A Moldova é um dos nove Estados reconhecidos atualmente como candidatos à adesão à UE, juntamente com Albânia, Bósnia e Herzegovina, Geórgia, Montenegro, Macedónia do Norte, Sérvia, Turquia e Ucrânia.
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