"Tenho a sensação de que as últimas palavras do Presidente Zelensky não são dignas de um político que deve muito à Polónia", disse hoje o vice-primeiro-ministro polaco, Krzysztof Gawkowski, sublinhando que Varsóvia já mandou ajuda para muitos ucranianos.
"Parece-me que nestas circunstâncias agradece-se. Não se provoca", disse Gawkowski referindo-se aos pedidos de Zelensky.
O chefe de Estado ucraniano reiterou os pedidos para que a Polónia intercete projéteis e drones russos que sobrevoam a região de fronteira entre os dois países.
"Zelensky quer que a Polónia dispare mísseis sobre a Ucrânia, o que significa que pretende que a Polónia entre na guerra. Significa que quer que a Polónia esteja em guerra com a Rússia. Com estas declarações quer arrastar-nos para a guerra com a Rússia", disse em entrevista à Rádio Zet.
"A Ucrânia e o Presidente da Ucrânia esqueceram-se de como nos comportámos e do quanto ajudámos desde 2022 (...) Espero que a Ucrânia, e especialmente o Presidente, apreciem o facto de terem um amigo que lhes deu a mão em tempos difíceis", criticou o governante polaco.
Nas últimas semanas, Zelensky reiterou os pedidos considerados polémicos como a utilização de armas de longo alcance que, segundo a Ucrânia, impediriam muitos dos ataques do Exército russo.
A este respeito, pediu à Polónia que abatesse os mísseis russos que sobrevoam o espaço aéreo perto da fronteira.
Esta proposta de Zelensky é objeto de um intenso debate no quadro da Aliança Atlântica como confirmou na segunda-feira o Ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Radoslaw Sikorski.
"Temos o direito de abater um míssil depois de atravessar a nossa fronteira? Sem dúvida", disse Sikorski.
No entanto, o chefe da diplomacia de Varsóvia advertiu que o uso de armas implica correr riscos, como em Przewodow, onde os restos de um dos projéteis destruídos pelas defesas ucranianas atingiram a cidade polaca, matando duas pessoas.
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