Para quinta-feira, está marcada a quinta cimeira da Comunidade Política Europeia, plataforma de coordenação política que junta a União Europeia (UE) e outros países europeus, enquanto na sexta-feira decorre uma reunião informal dos chefes de Governo e de Estado do bloco comunitário, ambas organizadas em Budapeste pela presidência rotativa do Conselho agora assumida pela Hungria.
Mas apesar de, em ambos os casos, apenas líderes europeus terem sido convidados, o foco das atenções estará nos Estados Unidos da América (EUA), dadas as eleições presidenciais que hoje decorrem para escolher o próximo Presidente norte-americano, entre a atual vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, e o adversário republicano, o ex-chefe de Estado Donald Trump.
Falando na antevisão do encontro, várias fontes europeias ouvidas pela Lusa referiram que o "pano de fundo" é, de facto, o sufrágio norte-americano, que pode vir a influenciar como Washington e Bruxelas se relacionam, sendo certo que, para a UE, Harris e Trump terão diferentes abordagens em questões como o comércio, a defesa, o apoio à Ucrânia face à invasão russa, o conflito no Médio Oriente e os mercados financeiros.
Quando Trump esteve à frente da administração norte-americana, entre 2017 e 2021, as relações transatlânticas diplomáticas foram enfraquecidas por este considerar a UE como um "inimigo" ou por avançar com a aplicação de tarifas, cenário que o bloco comunitário quer voltar a presenciar, segundo as mesmas fontes.
Por essa razão, os Estados-membros já estão a trabalhar em "diferentes cenários" para acautelar com "o que contar" por parte dos EUA, o que começa desde logo com as eleições: estão a ser consideradas diferentes tomadas de posição conjuntas se, na madrugada de quarta-feira e nas horas seguintes, os resultados forem claros, incertos ou contestados.
"Estamos numa situação em que os resultados são certamente muito importantes e, além disso, convém perceber se temos logo um vencedor claro ou se precisamos de mais tempo para ter clareza", comentou uma dessas fontes.
Ainda assim, em Bruxelas é unânime que a "melhor ideia" é, nestas duas reuniões de alto nível em Budapeste, a UE se "focar mais em si e não olhar apenas para os Estados Unidos", o que passa por aumentar a sua competitividade económica, assunto que vai dominar o Conselho Europeu informal de sexta-feira.
Uma vez que o anfitrião de tais encontros é o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, com conhecidas ligações a Donald Trump, em Bruxelas receia-se que uma eventual vitória do candidato republicano signifique contactar este responsável, por exemplo através de uma reunião por videoconferência, mas as fontes europeias ouvidas pela Lusa rejeitam para já tal cenário e lembram que "só os convidados" podem participar nas duas cimeiras.
O que está previsto é que, na cimeira da Comunidade Política Europeia, plataforma criada em 2022 após a invasão russa da Ucrânia, líderes de mais de 40 países europeus (os da UE e outros, como o Presidente ucraniano) se debrucem na quinta-feira sobre temas como as migrações e a segurança económica, que marcam o encontro com sessões de trabalho em que participa o primeiro-ministro português, Luís Montenegro.
Ainda na quinta-feira, mas à noite, inicia-se o Conselho Europeu informal com um jantar dos chefes de Governo e de Estado da UE, dedicado a discutir o resultado das eleições norte-americanas e também as recentes irregularidades relatadas nas legislativas na Geórgia, ganhas recentemente pelo partido pró-russo no poder (Sonho Georgiano).
Na sexta-feira, a UE vai tentar aprovar um novo acordo europeu de competitividade, precisamente para poder competir face aos Estados Unidos e à China, depois de o relatório do ex-primeiro-ministro italiano Mario Draghi ter relatado falhas no investimento comunitário e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa.
Será a última cimeira europeia promovida pelo atual presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que será substituído no cargo a 01 de dezembro pelo ex-primeiro-ministro António Costa, o primeiro socialista e português à frente da instituição.
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