O chefe da diplomacia sul-africana, Ronald Lamola, e a sua congénere moçambicana, Verónica Macamo, falaram hoje pelo telefone sobre a atual situação de insegurança e o "desfecho" do processo eleitoral no país lusófono vizinho, adiantou o porta-voz ministerial sul-africano à Lusa.
"Falaram sobre a situação na fronteira com Moçambique, mas também em que estágio se encontra exatamente o processo do Conselho Constitucional e como se desenrolará futuramente", indicou Chrispin Phiri, referindo-se à validação e proclamação dos resultados eleitorais anunciados a 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique.
Segundo a CNE, o candidato presidencial Daniel Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde 1975, venceu as eleições com 70,67% dos votos, gerando protestos populares após um apelo do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que contestou os 20,32% dos votos que lhe foram atribuídos pela CNE, colocando-o como o segundo mais votado, resultados que declarou não reconhecer.
No rescaldo das eleições gerais, Moçambique vive surtos de violentos protestos nas ruas, tendo Mondlane convocado a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, que culminará quinta-feira numa manifestação nacional concentrada na capital, Maputo.
A polícia sul-africana dispersou na tarde de hoje com balas de borracha um grupo de manifestantes moçambicanos no posto de fronteira de Lebombo, entre Komatipoort e Ressano Garcia, encerrado há cerca de dois dias por motivos de segurança.
"A África do Sul manifesta preocupação com a eclosão de incidentes de violência pós-eleitoral e lamenta a perda de vidas e destruição de propriedade, reiteramos mais uma vez o apelo feito por vários líderes em Moçambique às agências de aplicação da lei para investigarem rapidamente estes incidentes e levarem os perpetradores à justiça", salientou o porta-voz ministerial sul-africano.
Chrispin Phiri frisou que Pretória "apela à calma e à contenção, para permitir que o processo eleitoral seja concluído com sucesso e para dar ao Conselho Constitucional de Moçambique tempo e espaço para validar os resultados eleitorais de acordo com o seu mandato".
"O processo formal dos resultados eleitorais deve ser concluído, e para isso deve haver espaço; nos termos da lei moçambicana há margem para contestar esse resultado se as pessoas não estiverem satisfeitas com o resultado, adiantou.
O porta-voz ministerial sul-africano sublinhou ainda à Lusa que a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) "tem um papel muito crítico a desempenhar e convocou já uma Cimeira especial", processos formais que o país respeita.
A Cimeira Extraordinária da Troika do Órgão Extraordinário da SADC e da Cimeira Extraordinária da SADC foi marcada para o próximo dia 20, no Zimbabué, segundo as autoridades sul-africanas.
Ronald Lamola visitou na passada sexta-feira a capital angolana, Luanda, onde se avistou com o chefe de Estado daquele país lusófono, João Lourenço.
Segundo a Associação Médica de Moçambique (AMM), pelo menos 108 pessoas foram baleadas e 16 morreram na violência pós-eleitoral dos últimos dias em Moçambique.
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