"A Europa, o mundo estão a enfrentar grandes desafios. A guerra regressou à Europa, a Rússia invadiu a Ucrânia e está a prosseguir esta guerra com uma brutalidade inalterada e vemos também o perigo constante de uma nova escalada do conflito no Médio Oriente, pelo que é necessário e correto que a Europa e a UE se mantenham unidas e fortes", vincou Olaf Scholz.
Em declarações aos jornalistas à margem da reunião informal do Conselho Europeu, em Budapeste, dias depois de Donald Trump ter vencido as eleições norte-americanas, o chanceler alemão vincou que a UE deve "continuar a trabalhar bem com o futuro Presidente americano".
"A questão de como isso pode ser alcançado tem sido objeto das nossas discussões, [mas] uma coisa é bem clara: temos de fazer o que é necessário para a nossa segurança em conjunto como União Europeia, como europeus", adiantou.
Olaf Scholz não abordou a crise política interna alemã, desencadeada por ter demitido por quebra de confiança o até agora ministro das Finanças, Christian Lindner.
Os líderes da UE reúnem-se hoje num Conselho Europeu informal em Budapeste para discutir um novo acordo europeu sobre a competitividade, que destaca a necessidade de investimentos significativos face aos Estados Unidos e China, após Donald Trump ter sido eleito na terça-feira o 47.º Presidente dos Estados Unidos.
A reunião acontece então num contexto de mudanças políticas nos Estados Unidos, quando se admite que o republicano se foque mais nos interesses norte-americanos, o que causa receios sobre o impacto nas relações transatlânticas entre Bruxelas e Washington.
Reunidos na capital húngara pela presidência rotativa do Conselho da UE assumida pela Hungria, os chefes de Governo e de Estado da União -- incluindo o primeiro-ministro português, Luís Montenegro -- vão tentar aprovar a Declaração de Budapeste, na qual se defendem "investimentos significativos, mobilizando financiamentos públicos e privados", de acordo com a versão final do documento, a que a Lusa teve acesso.
O encontro de alto nível surge ainda depois de o ex-primeiro-ministro italiano Mario Draghi ter enumerado, num relatório divulgado em setembro, falhas no investimento comunitário e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa, situação que a UE quer agora reverter, neste momento de mudança política nos Estados Unidos, um dos seus principais parceiros e concorrentes.
Mario Draghi estimou em 800 mil milhões de euros as necessidades anuais de investimento adicional no espaço comunitário, o equivalente a mais de 4% do PIB (produto interno bruto) comunitário - o dobro do realizado no pós-Segunda Guerra Mundial com o Plano Marshall -, no âmbito de uma nova estratégia industrial comunitária.
O também antigo primeiro-ministro italiano Enrico Letta propôs, num outro relatório divulgado em abril passado, dívida conjunta com planos de reembolsos claros, empréstimos em condições favoráveis e apoio do Banco Europeu de Investimento para financiar o investimento da UE em Segurança e Defesa.
Este é o último Conselho Europeu com Charles Michel na liderança da instituição, cargo que será assumido pelo ex-primeiro-ministro português, António Costa, a partir de 01 de dezembro.
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