"A situação na frente é óbvia, houve uma derrota militar [da Ucrânia]. Os americanos vão sair desta guerra", disse Orbán em declarações à rádio estatal, antes do segundo dia de encontros de dirigentes europeus em Budapeste.
A guerra na Ucrânia esteve no topo da agenda da reunião dos 27 líderes da União Europeia (UE) e a maioria acredita, ao contrário de Orbán, que continuar a fornecer armas e assistência financeira a Kyiv constitui uma chave para a segurança do continente.
O líder nacionalista húngaro, que detém a presidência rotativa da UE, há muito que procura minar o apoio europeu à Ucrânia e bloqueou, atrasou ou diluiu sistematicamente os esforços do bloco para fornecer armas e financiamento a Kyiv e sanções a Moscovo.
Além disso, Viktor Orbán é tido igualmente próximo do líder do Kremlin, Vladimir Putin, e de Donald Trump, que vai regressar em janeiro à Casa Branca depois de ter vencido na terça-feira as presidenciais nos Estados Unidos.
Para o primeiro-ministro húngaro, Trump, que tem questionado o apoio norte-americano a Kyiv e lançado a incerteza sobre o seu compromisso com os aliados europeus da NATO, criou uma "nova situação" para a Europa e o continente "não pode financiar esta guerra sozinho".
Mas vários líderes da UE fizeram questão de minimizar o risco de uma mudança nas políticas de Washington atravessar o Atlântico e chegar às capitais europeias.
À chegada a Budapeste, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, disse que uma nova administração norte-americana não levaria a Europa a mudar de rumo.
"Aconteça o que acontecer nos Estados Unidos, temos os nossos interesses, temos os nossos valores", disse Borrell.
A líder da extrema-direita italiana, a primeira-ministra Giorgia Meloni, que está alinhado com Orbán em muitas questões, rompe no entanto com ele na questão da invasão russa, e reforçou: "Enquanto houver uma guerra, a Itália estará do lado da Ucrânia".
Também presente na capital húngara na quinta-feira, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, avisou que qualquer cedência do seu país ao líder russo, Vladimir Putin, será inaceitável, pouco depois de Moscovo ter instado o Ocidente a negociar sob ameaça de "destruição da população ucraniana".
Num discurso perante os líderes europeus, Zelensky sustentou que fazer "concessões a Putin" será "inaceitável para a Ucrânia e inaceitável para toda a Europa".
O Presidente ucraniano apelou para que os Estados Unidos e a Europa sejam fortes e valorizem as suas relações, ainda que a eleição do republicano Donald Trump para a Presidência norte-americana lance a incerteza.
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