"Estamos fartos de palavras e de 'slogans'", disse à agência Lusa Jana Rushed, uma palestiniana de 27 anos refugiada no Líbano, que hoje se manifestou na COP 29, em Baku, para exigir que "os países deixem de financiar o genocídio e o ecogenocídio que está a acontecer em vários países".
No protesto, organizado por um coletivo de organizações de ambientalistas e de direitos humanos, como a Climate Sirens, cerca de uma centena de ativistas concentraram-se no Estádio de Baku, onde decorre a 29.ª Conferência das Nac¸o~es Unidas sobre Alterações Clima´ticas (COP29), empunhando cartazes com palavras contra "o financiamento do genocídio".
"Este protesto é uma ação coletiva de várias organizações e diferentes entidades que consideram que não se pode estar aqui na COP a falar de justiça e mudança climática sem falar nos genocídios que estão a acontecer no Líbano, no Sudão e na Palestina", disse a ativista.
"Como palestiniana refugiada no Líbano, estou farta de discursos, preciso de verdadeira ação", acrescentou, vincando que esta é a sua forma de "dar voz aos povos de Gaza, da Palestina, do Líbano, que não se podem manifestar e não são ouvidos".
O ataque de 07 de outubro do Hamas, que fez cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, desencadeou uma retaliação israelita contra o movimento terrorista palestiniano que domina a Faixa de Gaza, que segundo os islamitas já fez mais de 43 mil mortos.
Israel mantem outra frente de guerra no Líbano contra o grupo xiita Hezbollah, criado e financiado pelo Irão, que segundo as autoridades libanesas, matou mais de 3.200 pessoas.
Na COP 29, o recado dos ativistas foi sobretudo para países como "o Brasil, África do Sul e Turquia, porque estes países propagandeiam que apoiam a Palestina, mas estão a fornecer combustíveis fosseis a Israel".
Os manifestantes apelaram ainda ao Brasil, onde será a próxima COP, para que exija compromissos "reais para acabar com o financiamento do genocídio em todos o lado".
Jana Rushed contou ainda à Lusa que só conseguiu manifestar-se "depois de dormir duas noites no aeroporto de Istambul e uma no aeroporto de Baku, já que apesar de ter um visto de entrada no Azerbaijão" "as autoridades turcas não permitiam a entrada no avião", por ter nacionalidades palestiniana e, em Baku, "não permitiram a saída, por não ter passaporte".
A 29.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29) iniciou-se em Baku, no Azerbaijão, no dia 11 e vai decorrer até ao dia 22 de novembro.
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