Ataque no Supremo Tribunal Federal do Brasil investigado como terrorismo

O diretor-geral da Polícia Federal brasileira, Andrei Rodrigues, afirmou hoje que o ataque com explosivos no Supremo Tribunal Federal (STF), cujo autor acabou por morrer, é investigado como terrorismo e não foi um ato isolado.

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Lusa
14/11/2024 17:25 ‧ 14/11/2024 por Lusa

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Duas explosões aconteceram na noite quarta-feira nas proximidades do STF, em Brasília, matando Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, identificado como autor do ataque contra o tribunal pela polícia e membro do Partido Liberal, liderado pelo ex-Presidente Jair Bolsonaro.

 

"Esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica, não só a Polícia Federal, mas todo o sistema de Justiça criminal", disse Andrei Rodrigues numa conferência de imprensa.

Na avaliação do diretor-geral da polícia judiciária brasileira, o ataque ao STF "não é um facto isolado", mas estará "conectado com várias outras ações que, inclusive, a Polícia Federal tem investigado agora em um período recente", referindo-se às investigações contra adeptos da extrema-direita que apoiam o ex-Presidente Jair Bolsonaro e que em 08 de janeiro de 2023 atacaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Andrei Rodrigues explicou que a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o ataque realizado na noite de quarta-feira e a linha investigação, até ao momento, baseia-se em duas hipóteses criminais: de ato que atenta contra o Estado Democrático de Direito e também de ato terrorista. 

"Nós estamos tratando esse caso sob essas duas vertentes e por isso a nossa unidade de antiterrorismo está atuando diretamente nesse caso", afirmou o diretor da Polícia Federal.

"Há indícios de um planeamento de longo prazo, essa pessoa já esteve em outras oportunidades em Brasília, inclusive, segundo relatos de familiares, estava aqui em Brasília no começo do ano de 2023, mas ainda é cedo dizer se houve participação direta ou não [dele] nos atos do 08 de janeiro", acrescentou.

O chefe da polícia judiciária brasileira reforçou que na residência do suspeito, em Ceilândia, cidade satélite de Brasília, a polícia encontrou uma mensagem escrita no espelho que mencionava um ato realizado por uma extremista 'bolsonarista', Debora Rodrigues, que vandalizou a estátua da Justiça, à frente do STF, em 08 de janeiro de 2023. 

"Debora Rodrigues, por favor não desperdice batom, isso é para deixar as mulheres bonitas. Estátua de 'merda' se usa TNT [material explosivo]", podia ler-se na mensagem deixada pelo agressor no espelho e que refere diretamente os ataques às sedes dos Três Poderes na capital do Brasil.

O STF foi um dos edifícios mais atacados em 08 de janeiro de 2023, juntamente com o Palácio do Planalto e o edifício do Congresso, por milhares de radicais 'bolsonaristas', um ataque que o poder judicial está a investigar como uma tentativa de golpe contra o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, oito dias depois de ter tomado posse como chefe de Estado após vencer o ex-presidente Jair Bolsonaro nas presidenciais realizadas em 2022.

Sobre as investigações em andamento, Rodrigues confirmou que na casa do autor do ataque foram encontrados artefactos explosivos artesanais com um grau de lesividade significativa, já que continham artefactos de fragmentação que simulavam uma granada. 

O diretor da polícia Federal brasileiro acrescentou que Francisco Wanderley Luiz, autor do ataque ao STF, transportava consigo um extintor de incêndio carregado de combustível, que poderia ser usado como um lança-chamas.

"Não sabemos ainda a motivação do crime e estamos trabalhando, como já disse, com essas hipóteses criminais de uma ação terrorista, mas também da ação de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. E, esse caso, se conecta, como também já rapidamente mencionei, com outras investigações da Polícia Federal [em razão] desse sinal muito claro, dessa mensagem deixada pela pessoa que se suicidou", concluiu.

Leia Também: Filmado momento em que homem se fez explodir junto ao STF em Brasília

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