O pior tsunami da história, que tirou a vida a cerca de 226 mil pessoas na Ásia, aconteceu há 20 anos e muitas são as memórias que os sobreviventes guardam.
A Sky News reuniu algumas histórias destas pessoas, vincando que as memórias estão ainda bem vivas.
Uma das histórias que a publicação traz é a de Suthep Tongsrikaew, um pescador que estava no seu barco quando tudo se passou.
"Instintivamente, soube que havia alguma coisa de errado e que era perigoso. Mas não sabia o que era um tsunami. Quanto mais eu me mexia, mais a corrente ia contra mim", recordou.
O barco onde estava virou, devido à força das águas, mas, de forma milagrosa, o pescador, que hoje tem 59 anos, sobreviveu, agarrando-se a uma botija de gás que usava para cozinhar. "Não sabia os estragos que [o tsunami] tinha feito até que a maré me trouxe de volta. Depois, vi que estava tudo destruído", afirmou.
Os maiores estragos na Tailândia aconteceram em Khao Lak, no sul. A tragédia matou dez dos seus familiares, incluindo a sua mulher, os seus pais e a sua filha - cujo corpo demorou sete meses a ser identificado.
Ao país faltavam algumas requisitos para identificar os corpos e durante meses os especialistas trabalharam rodeados de corpos empilhados.
Uma das especialistas, Praew Suppajariyawat, com apenas 23 anos na altura, referiu que havia muitos desafios, nomeadamente "como controlar os corpos e identificá-los o mais rapidamente possível antes que estes se decompusessem".
Só em Khao Lak, que fica apenas a 90 minutos da popular região de Phuket, morreram cinco mil pessoas.
A publicação britânica traz também a história de Aumpun e Suthep, que se encontraram depois de os seus companheiros perderam a vida. Aumpun Patnoy, de 58 anos, contou que perdeu o marido no tsunami e que sobreviveu ao agarrar-se a um pilar. Quando foi reconhecer o corpo, fê-lo de imediato, lembrando a t-shirt laranja que este tinha vestida no dia e também o colar, que ainda estava no corpo.
Já Suthep também perdeu várias membros da sua família, incluindo a sua companheira, mas diz que encontrar no meio de tanta dor e perda, ao encontrar Aumpun os "seus corações se conectaram".
Este foi o desastre natural mais mortífero da história: as ondas - com velocidade máxima de 800 km/h - geraram uma energia equivalente a 23 mil vezes a potência da bomba atómica de Hiroshima. Este acontecimento foi também o terceiro maior terramoto na planeta desde 1900.
Na altura, não havia avisos de tsunami instalados no território, algo que atualmente já existe.
Ainda hoje há milhares de pessoas que ficaram por identificar. E, embora o tsunami tenha deixado um maior rasto de destruição na Ásia, as ondas também chegaram à Somália, em África, causando 300 mortes.
Além das mortes e destruição, o tsunami também teve um forte impacto ambiental, danificando ecossistemas, a biodiversidade animal e vegetal e a poluição das águas.
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